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sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Não tem jeito: é 31, é virada, é esperança, é possibilidade, é novo começo,é agenda nova, é um novo conjunto de velhas novas metas, é quem sabe sinergia para a luta. Mas caindo na real é pura simbologia, alienação e das mais banais,mas não tem jeito é 31..é virada, é esperança, é possibilidade...

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O sagrado no Natal

Natal costuma ser um tempo de consagração de dois elementos: para segurar a tradição e o que resta das consciências temos a velha e quase em desuso solidariedade e o para celebrarmos a expressão máxima das "liberdades individuais" temos o sempre revitalizado consumo. A matéria do jornal O povo que segue coloca em cheque o mov. real destes dois elementos na nossa fortaleza bela, lembrando que acima de Deus e dos homens há a sagrada propriedade privada:

Manifestantes ocupam shopping e são conduzidos para delegacia

Cerca de 150 integrantes do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) ocuparam um supermercado de um shopping de Fortaleza, na avenida Bezerra de Menezes, na manhã desta quarta-feira, 22.
Ana Virgínia Ferreira, coordenadora do movimento, disse ao O POVO Online que o objetivo da manifestação era exigir cestas básicas para as famílias e criticar o consumismo durante Natal.

Segundo Virgínia, os seguranças do shopping agiram de forma truculenta para retirar o grupo do local, agredindo os integrantes do movimento, inclusive mulheres. Seis manifestantes foram conduzidos ao 1º Distrito Policial, no Monte Castelo.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Uma canja



Renata passeia pela sua rua ao encontro de seus costumeiros afazeres os quais cumpre sem maiores resistências ou sofrimentos. O frio suave da doce e pequena Campina Grande é agasalhado em Renata com proteções nas vestes e no calor de seu doce coração. Um coração insuspeito de gerar suspiros em outrem, dada a decisão de Renata de trancá-lo, ainda que o amargor não o tenha invadido. Revela sua leveza numa eterna disposição pra rir das tragédias e comédias da vida, ainda que seja ela a protagonista.

Naquela tarde foi à padaria e na volta encontrou com um improvável pretendente que quem sabe derreteria o gelo que ocupava momentaneamente seu coração. O dito cujo já um velho conhecido da família, veio decidido e com certeza de que sua precária ocupação de vendedor de vassoura, a falta de completude no sorriso (estilo um dente pra morder e outro pra doer) e a ligeireza da proposta não seriam impeditvos de conquistar a adesão da moça a seu inusitado convite: soube do seu interesse em casar, vc é uma moça bonita, olhe a gente podia sair um dia desses e comer uma galinha...

Surpresa, mas educada e humana como sempre, Renata teve de explicar sua aversão à canja e a convites apressados. Intrigada com a ousadia raciocinou imediatamente que o velho conhecido não faria tal proposta caso não fosse instigado por alguém. Logo desconfiou de sua querida mãe, sempre na aposta de casar a filha mais uma vez. Ao indagá-la descobriu de pronto e sem meias palavras que a mãe arranjara aquele candidato sem passar por sua consulta. O importante era casar. Sua mãe quisera lhe oferecer só uma canja.Pra facilitar...

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Salve-se de paletó

Ontem estive na emergência de um hospital público da fortaleza bela. Enquanto eu e demais familiares pensávamos na transferência de meu pai para o atendimento privado ( fundamentados no salve-se quem puder) pessoas transitavam naquela sala que mais aparentava uma bodega ou feira de clamores. Entre doentes e alguns poucos auxiliares de enfermagem as moscas faziam a festa com algodões e gases apodrecidos e jogados pelo chão que há tempos parecia não ter o privilégio de ser atravessado por uma simples vassoura.
Indignados com o descaso abordamos a Assistente Social acreditando ao menos no direito de sabermos das causas do abandono. A cordial profissional vestindo no fardamento e no espírito a camisa da instituição deu finalmente o veredito: culpa da população que não tem mais respeito pelos profissionais e vivem agredindo os médicos...tão diferente do passado, onde as pessoas pra falarem com um médico vestiam até paletó. Pensei então nos cinco anos que esta criatura passou pela formação em Serviço Social, imaginei que em mil novecentos e bolinha. Minha irmã foi mais longe na imaginação e logo viu aqueles pacientes agonizantes todos de paletó. Estava aí a solução para a vinda dos médicos e talvez a ida para o cemiterio.
A AS tinha esta cuidadosa e prestimosa explicação depois de uma manhã inteira onde nenhum médico sequer olhou de longe aqueles tantos que ali agonizavam. Mas minto, em torno de meio-dia algumas belas figuras jovens, rosadas e de jaleco branco transitavam por ali em uma dessas ocasiões de aprendizagem onde os subalternizados e suas mazelas se tornam excelente matéria-prima para a formação de futuros deuses. Seria bom sempre tirar fotos deste encontro, registrar o que talvez nunca mais aconteça.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Dias de stress, tarefas a cumprir, uma pilha de livros pra decifrar, eu afogada sem saber por onde começar,telefone toca: é uma atendente da OI motivada e premida por uma de suas tarefas de trabalhadora polivalente: vender promoções, promoções imperdíveis que de tão incríveis, parece que vc vai ser paga pra aceitar...agridoces ilusões...
A coitada foi vítima da minha indignação com estas abordagens. Respostas secas e desinteressadas, a alegre promotora de vendas partiu para a subjetividade. Não sei ´se por sobrevivencia ela aprendeu ironias ou se a preocupação era verdadeira: VC TÁ BEM? O QUE ESTÁ ACONTECENDO?
Por alguns segundos e comovida com tamanha intimidade e sensibilidade, juro que fiquei tentatada a aproveitar os seus prestativos ouvidos e pensei em destrinchar os meus dramas pessoais. Mas, como fiquei na dúvida se era gente ou apenas uma gravação...sei lá.. Aquela voz feliz, com perguntas e promoções bem definidas, presentes a me oferecer e com tamanha humanidade provavelmente não era gente.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Ontem me vi comprando a agenda para 2011. Santa ansiedade é a minha companheira fiel já de alguns anos e como não poderia deixar de ser, já me preocupo se ela se manterá a vida inteira.
Sofrer por antecipação,sonhar dormindo ou acordada, de repente a insônia...remédios ainda resisto,caminhadas estão no projeto 2011, coca-cola nem pensar...enquanto meus nervos oscilam a vida segue, o mar continua lindo, as contradições movendo o cotidiano, o pássaro que todo dia bebe água no meu jardim não marca hora,meu filho com seu relógio bilogico-social de adolescente... os dias passam, os movimentos de rotação da terra continuam...nada ou ninguém muda por conta dos meus anseios.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Gente,recebi este email...o que o nosso tempo produz de desumanidades não deixa de me surpreender,ainda mais quando vem de jovens universitários;leiam o absurdo.

Rodeio de gordas"
Um grupo de alunos da Universidade Estadual Paulista organizou uma "competição", batizada de "Rodeio das Gordas", cujo objetivo era agarrar suas colegas, de preferências as obesas, e tentar simular um rodeio - ficando o maior tempo possível sobre a presa.

A agressão ocorreu no InterUnesp 2010, jogos universitários realizados em Araraquara, de 10 a 13 de outubro. Anunciado como o maior do país, o evento esportivo e cultural, que reuniu 15 mil universitários de 23 campi da Unesp, virou palco de agressão para alunas obesas.

Roberto Negrini, estudante do campus de Assis, um dos organizadores do "rodeio das gordas" e criador da comunidade do Orkut sobre o tema, diz que a prática era "só uma brincadeira".

Segundo ele, mais de 50 rapazes de diversos campi participavam. Conta que, primeiro, o jovem se aproximava da menina, jogando conversa fora - "onde você estuda?", entre outras perguntas típicas de paquera.

Em seguida, começava a agressão. "O rodeio consistia em pegar as garotas mais gordas que circulavam nas festas e agarrá-las como fazem os peões nas arenas", relata Mayara Curcio, 20, aluna do quarto ano de psicologia, que participa do grupo de 60 estudantes que se mobilizaram contra o bullying.

No Orkut, os participantes estipulavam regras para futuras competições, entre elas cronometrar as performances dos "peões" e premiar quem ficasse mais tempo em cima das garotas com um abadá e uma caneca. Há relatos de gritos de incentivo: "Pula, gorda bandida".

Com a repercussão, a página do saite de relacionamento foi excluída. Cópias dos posts espalharam-se pelo campus em Assis. Em murais aparecem frases como "Unesp = Uniban", referência ao caso a Geisy Arruda, que foi xingada por usar um vestido curto.

As vítimas não querem falar. "Uma das meninas está tão abalada que não teve condições de voltar à faculdade. Teme ficar conhecida como a gorda do rodeio", afirma a advogada Fernanda Nigro, que acompanhou, na última terça-feira, uma manifestação de repúdio.

O grupo foi recebido pelo vice-diretor da Faculdade de Ciências e Letras, do Campus de Assis, Ivan Esperança. "Vamos ouvir os envolvidos e estudar as medidas disciplinares, mas não queremos estabelecer um processo inquisitório", disse ele à Folha. (Com informações da Folha de São Paulo)

Fonte: Espaço Vital - www.espacovital.com.br - 27/10/2010

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

A primeira passagem em sala ninguém esquece

Timidez sempre foi um dos meus dramas. Mesmo na maturidade ainda me envergonho em encarar um público. Só mesmo um sentimento para além do meu ego e superego poderia ter me empurrado naqueles dias iniciais de movimento estudantil pra fazer uma das principais atividades do centro acadêmico que era a passagem em sala pra repassar informes. O desafio era aproveitar o tempo cedido pelo professor pra estimular os colegas de curso para participação política, informar ainda a possíveis desavisados que havia vida além da sala de aula e que a luta de classes não era uma gincana e nem ficava entre o bloco i e o j.
Então entrei naquela sala com todo um drama pessoal a ser superado, conseguindo reforçar até de forma razoável as palavras da colega veterana que me acompanhava e me antecedia nos informes. Eis que uma menina levanta a mão e eu já ansiosa pra saber se daria conta das questões que a criatura poderia indagar a nós representantes de uma importante vanguarda política. A dita cuja, aluna de um dos cursos mais críticos e politizados da universidade, solicitou sem maiores delicadezas ou delongas: ei dá pra sair do meio que eu estou copiando...

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Agora é Dilma!!

Em cima da hora e eu ainda não tinha os números dos meus candidatos...orfã da trajetória política do PT , tem duas eleições que vou às urnas pra cumprir uma obrigação eleitoral e demarcar minha posição pela esquerda que ainda tem projeto socialista,único projeto de sociedade capaz de eliminar nossa submissão ao capital.
Deste primeiro turno só comemoro a vitória do ceará contra o senhor Tasso Jereissati, representante célebre e ufanista da direita radical. Desta direita que ameaça voltar à presidência com o segundo turno. A despeito das críticas bem fundamentadas ao modelo econômico do governo Lula, tenho muita clareza que agora nossa única opção é Dilma. A volta do PSDB me dá arrepios e pesadelos em particular na área social e a situação dos extratos mais pobres da população, educação e relações externas. Ainda que a era FHC e a era LULA tenham grandes semelhanças não dá pra negar as diferenças pontuais e saber que a eleição de Serra é um retrocesso histórico. O Brasil tem que partir dos patamares alcançados e ir além...a volta dos mortos-vivos ninguém merece!

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Madrugada de 29 de setembro de 2010
Café e coca-cola à noite, fatal prorrogação da falta de sono pela madrugada...fossem só os olhos acesos...mas tem o tal do juízo te aperreando com o que é real ou da sua imaginação,medos e preocupações. Ainda bem que a insônia é rara em mim; padeço mais do excesso de sono e sonhos...
Hj meu amigo e companheiro libriano completa 40 anos. Será esse outro fator da minha insônia? Dizem que é uma idade de crise para os homens, aquela saudade dos 20, aquele exame preventivo e incômodo passa a ser parte da agenda, o balanço do que foi feito...mas enfim, que a vida lhe reserve boas surpresas,saúde e bons combates.E que eu possa partilhar deles.
E o bom sono à casa retorna...bom dia pra tod@s!!!!!!!!!!

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Entre lixo,odores,dores e catadores...


Entre mil atividades de mãe, professora e crises existenciais fui convidada recentemente para apreciar o trabalho de especialização de uma ex-aluna que felizmente busca se reciclar. A temática me envolveu imediatamente. O tema lixo é absolutamente contemporâneo e de grande relevância social. É tratado ao longo do texto com linguagem simples, límpida e com cuidadosa separação dos conceitos, ao mesmo tempo em que percebe a mediação entre os mesmos no jogo metabólico da produção/reprodução do capital. Alcança as definições formais, mas vai além identificando a funcionalidade do lixo, da reciclagem pra sentir o que é ser catador de lixo na percepção dos mesmos.
Se a mera aproximação conceitual já pode nos causar repulsa a partir das imagens, ficamos a imaginar o que é a vivência e aproximação real e cotidiana com os excessos apodrecidos desta sociedade do consumo. Entre a degradação da natureza chama a atenção este ser cuja presença entre os detritos surpreendeu o poeta Manuel Bandeira .
São quase 6.000 lixões registrados segundo dados do IBGE. Das descrições exalam os odores, as dores, as decomposições, as toxidades, o descaso do poder público, a desproteção, a informalidade, os rendimentos incertos, variações climáticas, violência urbana. É trabalho assim sem exigências de idade, escolaridade, saúde ou aparências.
Os depoimentos apresentados são preciosos na descrição das condições de trabalho do catador: condições insalubres, a alta periculosidade, os problemas de saúde, a falta de proteção social, a competição entre os catadores são claramente expostas nas falas dos trabalhadores. No olhar ingênuo do catador descartável a ilusão da autonomia, supostamente sem patrão definindo seu tempo e seu espaço, suas supostas escolhas...

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

A busca e os dias

Durante os dias buscamos os afetos. Em tempos difíceis a vida nos convence da falta de perspectivas das subjetividades. Parece que o efeito da devastação não atinge somente o clima. Há desertos nas mentes, geleiras nos corações outrora aquecidos. As horas são ordens a serem cumpridas, a criança abandonada no sinal é só uma ameça,naquele instante onde a escolha da roupa para aquele evento me preocupa mais.
As conversas superficiais desnudam a ausência da densidade, os regimes em pauta, as fofocas em dia, os sonhos presos ao consumo, agradecer a Deus que aquela desgraça não foi comigo...
Nesta mesmice parece que a busca perde o sentido.Ficam os dias...

sábado, 18 de setembro de 2010

Sobre as eleições...e no meio de tanta palhaçada...

Acertadas palavras de Renato Roseno:

"As eleições de 2010 serão duras para aqueles e aquelas que não se deixaram aprisionar na ditadura do possibilismo imposta pelo establishment. As candidaturas do PT, PSDB e PV (com pouquíssimas distinções de fundo) virão à sociedade afirmar que a política só pode ser feita da forma que a fazem: na mecânica fria e conservadora dos acordos com os endinheirados do país e da enganação midiática. Eles dirão que não há saída e que a vida se decide no cotidiano previsível e muitas vezes vergonhoso dos corredores oficiais. Eles dirão que a “bolsificação da miséria” foi o máximo que se podia ter. Contudo, por mais que sejam duras as condições, nossa tarefa comum é estabelecer a diferença com firmeza, coragem e alegria. Sempre houve e haverá possibilidade de mover a política e a vida social por outros caminhos. Esta é a oportunidade de 2010.
Nosso coletivo apóia Plínio de Arruda Sampaio porque ele é um dos militantes mais sérios e coerentes da esquerda brasileira para cumprir o desafio colocado na conjuntura atual. Não se deixou cooptar nem derrotar. Sabe de onde vem a luta real e tem voz convocatória, educativa e agregadora dos que sofrem os desterros do mundo. Sua dignidade nos faz mais fortes. Plínio quer uma esquerda capaz de manter o fio condutor das lutas históricas do povo brasileiro contra o poder do dinheiro, do racismo, do patriarcalismo, do latifúndio e da negação de dignidade. Sua vitalidade anima as novas gerações para o desejo de construir vida nova por meio da luta cotidiana contra o capitalismo destruidor das pessoas, do planeta e do futuro. Seu exemplo é a afirmação do socialismo como possibilidade e necessidade. A palavra e a força de Plínio em 2010 são esperança. Temos orgulho sincero e dedicado em enfrentarmos as eleições sob sua liderança”

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

A espera

...as pernas num movimento frenético,o olho no relógio,a imaginação surtando com as prováveis motivações para o atraso.Se vc é louco por produtividade e tem certeza que tempo é tudo(leia-se dinheiro), vai fazer algo enquanto aguarda o ser que te faz passar por este sofrimento: limpar o entulho de papéis da sua bolsa ou de sua mesa ,saber das oscilações do humor do mercado( tomara que ele não esteja tão nervoso como vc),caucular as contas do mês,elaborar prováveis vinganças...
Se entretanto,vc é mais relax,tipo que faz meditação,pode ligar pra uma amiga,rever emails,ouvir uma música,tirar um cochilo ou escrever no seu blog...
Desta vez quem espera é o cursor pulsando por novas palavras.Vc então tá vingado...

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Uma pequena distância de um pouco mais de 60km. da "civilização", mato por todos os lados, silêncio poderoso e calmante, cortado apenas pelos sons da natureza.Qdo é noite vc finalmente tem acesso às estrelas,num céu livre da claridade artificial, da poluição e das vozes midiáticas e (des)humanas. Saí com energias renovadas e convencida de que de vez em quando vistarei aquele velho ermitão. Compreendo sua solidão e sua escolha.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Vc não está sozinha,olha o mundo e ele está cheio. O problema é vc cheia do mundo!

terça-feira, 31 de agosto de 2010

"Não quero ficar ausente nesses dias. O mundo está na fase mais interessante e perigosa de sua existência e estou bastante comprometido com o que vai acontecer. Ainda tenho coisas a fazer", concluiu.

Fidel Castro- um resistente
Entre risos,lágrimas,vivências e ausências a vida se oferece.Não sabe ser lógica,certinha,sem deslizes,sem dilemas.Só a vive com certezas quem não a assimilou.
Diz a lenda urbana que não há nada mais sujo que pão. Sempre há alguém que encontrou na massa nossa de cada dia um recheio não encomendado como um cabelo (com ou sem parasita), meleca de consistência variada ou algum outro objeto não identificado.

Mas nada mais inusitado do que Ana encontrou naquele café inesquecível de um pão quentinho. Na terceira mordida algo estranho e ela resolveu abrir para averiguar o que parecia uma pedra. Porém era ainda mais absurdo: um dente. Ana acordou todos da casa pra mostrar o nojo daquela padaria. Todos acordaram abismados com tal situação, resolvidos a nunca mais colocar um pedaço de pão na boca,principalmente daquela padaria. Este foi o assunto principal de todo o café, recheado agora com tapioca e frutas.

Ana foi a primeira a terminar o café. Encaminhou-se ao banheiro para escovar os dentes, claro que não sem antes jogar o recheio inesperado pela janela. Na pia e olhando no espelho continuou a rir daquela situação, quando notou um vento leve passando entre seus pré-molares. Entre um e outro um vazio...vazio que logo lhe correu a espinha ao lembrar da violência e nojo que jogara sua prótese pelos ares. Mobilizou todos da casa novamente para uma nova missão: resgatar imediatamente a completude do seu sorriso e pedir desculpas ao velho padeiro.

sábado, 28 de agosto de 2010

Revisar os polinômios e produtos notáveis observando o décimo bocejo da criatura de 13 anos que vc tenta acompanhar (só por conta da nova lei, o pescoço dele permanece a salvo); exames de sangue, levar ao pediatra, fono, estudar tudo sobre o Canadá e EUA nem sempre concordando com o conteúdo do livro didático que parece contar a História do ponto de vista do dominante, mandar escovar os dentes, atenção aos valores, atentar para o que ele ver na internet (pode ter pedófilo e maus valores na linha); assinar a agenda, exigir a salada e o feijão no prato, ir à reunião dos pais para ouvir a escola perfeita tirando o seu da reta e dizendo que se ele não estuda a culpa é sua. Observar o outro pequeno de cinco anos que nem sabe que mora no Ceará estudando sobre o Maranhão e conceitos para ele abstratos como cultura. Questionar a escola nem pensar. Aprenda a teatralizar o livro para sua criança. É só mais uma habilidade na carreira polivalente chamada PAIS. Assim sem fôlego, sem férias...Fico aliviada de ter um companheiro para dividir tantas responsabilidades e fico imaginando nas heroínas que criam filhos sozinhas,morando ou não com os pais dos mesmos ...

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Desde que descobriu a estranha aritmética 2+2=5 que alguém não atualiza mais o seu blog. Talvez coisas virtuais ou da vida...parte I ou parte dois. A conta e seu resultado me faz lembrar um pensador que parece gostar : O que não provoca minha morte faz com que eu fique mais forte.
F.N.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Objetividade, praticidade e acúmulo.Esse é o sentido ou a falta de sentido do personagem de George Clooney no filme Amor sem escalas.Decidiu q. em sua vida não carregaria o peso das relações humanas. Demitir pessoas é sua tarefa, o cinismo é o método e sua mala de pouquíssimo peso simboliza seu desapego às raízes e laços afetivos.Gostei do filme,simples,deixa em aberto temas importantes,pontua,ainda que não os aprofunde.
O que o sistema capitalista afeta "naturalmente" as nossas subjetividades é um engodo pouco fácil de decifrar, ainda que os fenômenos estejam expostos em nossas condutas cotidianas: competição,inveja,hipocrisia,ciúme escorrem de nossos olhares e bocas.Nem percebemos,nem nos envergonhamos mais.

sábado, 21 de agosto de 2010

Então são três anos de sua ausência... tinha que ser mesmo no mês do desgosto...saiba que as reuniões em família são menos alegres agora...outro dia lembramos da sua desorganização,salva pela sua inteligência no quartel...a ocasião de cuidar do uniforme do capitão foi hilária...costurar as indumentárias de cabeça pra baixo foi o de menos...diante de tanta bagunça seu superior indagou se não teve infância...
Mas teve uma infância livre em Amataju..sempre rebelde..fuga aos 14 para a capital...riso fácil...cadernos em falta,caneta no bolso,pouca concentração, mas o melhor da classe pra horror dos colegas.
O que me angustia na morte não é a finitude pq esta deve ser um descanso... é só a ausência e essa saudade sem possibilidade de fim.
Bebo agora um de seus vinhos prediletos, brindo os dias de sua presença e na cabeça, a música de um outro Roberto:...mas o poeta foi um dia e até hoje não voltou..ninguém sabe o caminho q. o poeta levou..o vento q. foi com ele um dia por lá voltou...mas só q. voltou sozinho...

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

TPM

Chama-se tensão-pré-menstrual,mas bem que poderia ser tensão para matar.Sabe o que é irritação gratuita,sem motivações válidas.Todo mês e ao longo da vida das mulheres.Cá pra nós,a natureza às vezes parece mais nossa rival do que uma aliada.
Alguém masca um chiclete na sua frente e vc insana acha o ato mais debochado do mundo;um idiota deixa o alarme do carro ligado e vc reclama em ponto de briga até descobrir que aquele barulho vem do seu carro.Um desavisado resolve furar a fila do banco em que mal sabe há três mulheres em dias difíceis...se sair vivo não morrerá tão cedo.
Mas,este texto já tá me irritando e resolvi que vou deixá-lo por aqui..

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

De volta a minha querida e não tão bela Fortal retomo meu cotidiano. Este retorno me aquece o coração pela proximidade das pessoas que amo.E ainda que não turista e nem estrangeira continuo assim mesmo a observar a vida e as pessoas.Claro que o que mais me toma o olhar e a atenção são as esquisitices.
Em recente consulta a uma nova pediatra pro meu filho uma placa em letras garrafais me chamou e me prendeu a vista: MANTENHAM SUAS CRIANÇAS SOB CONTROLE!!!!Tudo bem que a especialidade da moça é neuropediatria e ela deve receber dezenas de pestinhas diagnosticados com hiperatividade,loucos pra acabar com a organização daquele consultório frio e estranho.Mas eu me senti numa fila de vacina para pit bull num consultótrio de um veterinário com fobia de cães.
Pra fechar a consulta,um detalhe importante: a indicação é que na próxima não precisa levar o (IM)paciente. Fiquei chocada e imaginando quanta infelicidade desta doutora que pareceu amar crianças...mas no alho e óleo ou molho e com batatas fritas...talvez com uma maçã na boca pra não ameaçar aquela que parece nasceu pra isso...

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Segundo o são google o autismo é uma disfunção global do desenvolvimento. É uma alteração que afeta a capacidade de comunicação do indivíduo, de estabelecer relacionamentos e de responder apropriadamente ao ambiente — segundo as normas que regulam essas respostas.
Nunca fui diagnosticada como autista,mas sinto absoluta identidade com a definição citada. O desinteresse pelo que a maioria das pessoas se motiva naquilo considerado como diversão, a distração com pensamentos, o tédio com o lugar comum. Algo que me apurou no olhar sobre coisas que quase ninguém percebe, a tal da sensibilidade atípica,acessório absolutamente supérfluo num mundo de poucas profundidades.
Por sorte ou azar de dias recentes, encontrei uma poetisa no mesmo estado. Reconheci a identidade nas percepções,a cumplicidade no riso, o olhar que contrasta entre o distraído e o apurado e nesta loucura , a busca do essencial... Como autistas tem problemas com interação,cada uma com seu mundo próprio continuará a navegar por mares na busca de olhares de anzol que as tragam terra a vista ou águas ainda mais profundas...
por que na minha relação com o outro preciso discernir quem sou...sentindo o que é dos outros de forma intensa preciso me cercar dos bons afetos,das boas intenções...

terça-feira, 27 de julho de 2010

A vontade é grande de proteger vcs. Sabe o que é uma parte de vc andando livre por aí,sem seu controle,com vontade própria, com fragilidades e fortalezas colhidas de mim,de nós, da vida?
Não é justa a condição de mãe. Assisti à peça Doidas e Santas protagonizada por Cissa Guimarães um dia antes de ocorrer a tragédia da morte do seu filho.Naquela noite a atriz era radiante,esbanjava alegria e agradecimentos à vida,ao público presente.
Tema delicado a finitude,principalmente qdo se adianta em alguém que parece ter toda uma vida pela frente.Imagino isso no cotidiano de mães vizinhas da morte, dia e noite com filhos envolvidos no mercado do tráfico. Não há banalização que supere esta dor.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Há dias de maior sensibilidade...mesmo o efeito menos especial terá seu impacto.Há que fazer reparos,difícil às vezes descobrir onde estão as arestas.Mas a dor te levará a importantes achados.Difícil é querer ouvi-la...mas ela teimosa, grita...

sábado, 3 de julho de 2010

03 de julho de 2010...E então chego ao último ano de balzaquiana...O próximo já será a idade da loba.Como a juventude finda fico feliz por me reconhecer com conteúdo.Não apenas cognitivo,mas principalmente humano....afetos,desafetos,sonhos,realizações,frustrações,brigas eternas entre id,ego e superego...entre tudo, me orgulho de fazer parte da luta por uma sociabilidade de seres emancipados de toda forma de opressão.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

O tema ainda é a saudade..conto os dias...nem a beleza do Rio me distrai da distância dos meus amores.Confirmo a minha suspeita que a beleza da vida tá nos afetos.A cidade grande é beleza frívola e impessoal.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

O sovina

Não existe economia nos tantos termos pra definir o sovina...pão-duro, avaro, unha-de-fome, mesquinho, mao-de-finado, mao-de-vaca, alem dos sinônimos mais regionais como o piriangueiro em Recife ou o fominha no Ceara.
A avareza se posiciona entre os sete pecados capitais. Mas, como todo pecado, ela tem la seus atrativos. Basta a gente observar como todo econômico antes de tudo,se coloca como um estrategista. Somente ele sabe driblar como ninguém a participação em uma cota, pois alem da sovinice, ele sofre também de amnésia e esquece sempre o cartão ou o talão de cheque em casa, principalmente na hora de pagar a conta. E sempre tão ocupado poupando, que não sobra tempo pra comprar aquele presente da festa que ele não deixou de aproveitar a “boquinha”.
Reza a lenda que o migalheiro com suas estratégias poupa tanto suas micharias que pode ascender socialmente. Mas, quando isso acontece ele não deixara sua condição e as táticas serão pra assegurar novos acúmulos. Ele mantem com o sistema capitalista uma relação de amor e ódio. Sabe acumular egoisticamente como ninguém, mas tem pena de alimentar o sistema com os necessários gastos. Tem portanto, uma natureza bipolar na sua relação com o capital.Ecologicamente correto, ele desde cedo se comporta como um consumidor consciente.Quer dizer, nem sempre consciente por que as vezes pode faltar sangue subindo ao cérebro por não gastar com um lanchinho rápido antes de voltar pra casa.
Todo mundo tem ao seu redor um ser descendente direto do homo avaros. Ele tem muito a nos ensinar. Se bem que a avareza também pode não ser so de dinheiro,mas também de tudo na vida que ele acumulou,incluindo seus ricos aprendizados.

domingo, 30 de maio de 2010

" a noite da desatençao"..foi a melhor expressao que conheci sobre a vida cotidiana.A imediaticidade,a urgencia dos afazeres, o sentido preso ao habitual...Isto inunda tambem os nossos sentimentos pelos outros e tudo pode se tornar burocratico e tedioso.Mas,a saudade revela que as coisas de simples nao tem nada.Ela tb se processa no rol dos sofrimentos e por isso aprendemos com a mesma,principalmente a valorizar aqueles que estao com vc mergulhando na cotidianidade.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Imbecilidade,mercadoria fácil e abundante nas esquinas do sistema que nos oprime e nos realiza como quase gente. Trabalho na universidade,tenho acesso a diversas explicações sociológicas e psicológicas sobre a mesquinhez das pessoas no cotidiano,mas nada que me poupe das surpresas.
Gostaria de comentar apenas das belezas das gentes,mas a materialidade das relações sociais me impede.O olhar fixo no próprio umbigo ou na auto imagem venerada indica a tarja preta: "homo imbecilis"...afaste-se...é só uma caixa vazia e a figura nem sabe,mas sua data de validade está vencida.

terça-feira, 18 de maio de 2010

O quarto arrumado, milimetricamente medido pela compulsão da ordem,o grão de poeira identificada pelos olhos clínicos, o tempo hegemonicamente reservado para higiene pessoal e do ambiente...a vida pensada em planejamentos e programas diários sintetizados num caderno de anotações,cada imediaticidade cotidiana em seu quadrado,cada passo programado sem possibilidade dialética de sair do roteiro..."homo formalis total".....socorro!!!!!!

A maturidade me ensinou a conviver e respeitar tranquilamente a diferença,mas tudo tem limite e nada impede que eu fale "mal" dos meus "opostos" aqui no blog e numa operação narcísica eu hoje faça aqui uma homenagem à desorganização...Com exceção daqueles momentos em que desarfortunadamente não encontramos aquele documento urgente que não sabemos onde guardamos,a desorganização cotidiana é absolutamente necessária. Pessoas desorganizadas são muito mais flexíveis.Como não se prendem aos quadrados e reservam a memória afetiva e o tempo da vida para além das burocracias,elas vivem as coisas mais essenciais como as amizades,os afetos,as lutas, os livros,etc.
Não pensem que sou uma bagunceira nata...aprendi isso na vida com muito pouco esforço.Também tenho meus momentos de caixinhas,gosto e exercito a limpeza,mas definitivamente vou continuar sentando no chão da sala com meu filho e suas tintas e desenhando com ele infinitas possibilidades.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Um dia há muito tempo, recebi uma bela poesia que era mais ou menos assim: "...há dias que acordo e me encontro só...pq os outros não me bastam,pq as outras vozes são silêncio,são diferentes de ti...há tempos busco uma presença...pode ser a tua,pode ser.."hoje as belas palavras expressam meu estado de espírito.
Numa mega cidade,longe da família e amig@s...difícil não expressar irritantemente o tema da solidão e da saudade. Depois dos belos pontos turísticos,resta o cotidiano e as ausências doendo.E a cidade grande é pura impessoalidade...talvez daí se explique a insanidade das pessoas e suas neuroses narcísicas em tempos de massificação.
Observo as pessoas em copacabana,apesar de estressadas da dinâmica da grande cidade, quase sempre são gentis e educadas.Há acolhimento,mas sem maiores delongas...talvez tivessem que treinar um pouco mais com a gente do nordeste. A gente pode ser até menos polido,até com ensaios de "lungisse",mas nossas portas estão mais abertas para o "estrangeiro". As contradições desta vida tão urbanóide certamente devem gerar isto.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Em terra alheia por mais carioca e aconchegante que seja, há horas que falta a volta pra casa e a família,os amigos...olha a saudade tem me perseguido pelas ruas de copaBAcana.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Não lembro lugar mais aconchegante, eu só aí ainda sou criança. Os braços mesmo cansados da luta diária me acolhem sem nenhuma recusa. Teimosia é minha marca, mas ela sempre aceitou, ainda que tenha me jogado uma praga: terás um filho mais teimoso que vc. Dito e feito,afinal era de mãe. Mas, só com meu doce teimoso, entendo pelo que ela passou... Minha querida Elisa.. que bom estar entre seus oito e ainda mais (sem muito esforço) ser a preferida..rsrs
Eu sei que esse negócio de ser mãe é mais padecer e menos paraíso...talvez por isso agora vc queira inverter os papéis e hoje reivindique a posição de filha.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Ausência por alguns dias...rumo à cidade maravilhosa!
Materialização do tema anterior: saudades!!!!!!!!!!!

sexta-feira, 30 de abril de 2010

”Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida.”
Clarice Lispector

Nunca li tradução da saudade mais precisa e forte como esta anunciada pela mulher dona de versos sempre profundos e cortantes.
Gosto da saudade. Ela rasga sentimentos nem sempre sabidos por nós. Uma doce amargura. Há quem diga que ela é acompanhada por dores físicas, outros mudam o tempo deste sentimento e juram que sentem saudades até do que ainda não viveram.
Eu sinto saudades da minha infância sem compromissos, vivida por sorte em brincadeiras de rua, das certezas da minha adolescência, a rebeldia esperada e institucionalizada. Saudades de tanta gente, da fase bebê dos meus filhos, do meu irmão Roberto (esta saudade ruim, sem possibilidade de fim).
Um cheiro, aquele chá, uma palavra e a memória se exibindo...

quarta-feira, 28 de abril de 2010

HOJE É DIA DA SOGRA

Meus parabéns hoje às mulheres mais discriminadas do mundo: AS SOGRAS.
Então,uma vida inteira de dedicação e depois dos casórios são as megeras,pivô e desculpas para separações, adereço de aniversário,antagonistas das piadas mais macabras.Já ouvi falar que a sogra de um "muito querido" senador do Ceará não fala com o genro há tempos,avaliem assim como as sogras são sábias e estão do lado do bem. Nunca entendi pq os sogros não são odiados,assim como homens feios também não são alvo de piadas. Deve ser uma transferência,afinal Freud nos lembra que a culpa é sempre da mãe.
Acho que serei uma boa sogra(paradoxo??),desde que as criaturas tratem muito bem meus filhinhos...rsrs

Colei algumas do site piadas.com.br e vejam como todas falam de morte ou denigrem a imagem desta pobre criatura de Deus. Não vale rir.

seleção de sogras
Enviado por redoxpoa em 31 Outubro, 2009 - 11:53
1) A garota chega pra mãe, reclamando do ceticismo do namorado.
- Mãe, o Mário diz que não acredita em inferno.
- Case-se com ele, minha filha, e deixe o resto comigo!
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2) O homem leva um susto ao ouvir de sua cartomante:
- Em breve sua sogra morrerá de forma violenta.
Imediatamente ele pergunta à vidente:
- Violentamente? E eu? Serei absolvido?
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3) Um homem encontra seu amigo na rua e lhe diz:
- Cara, você é igualzinho a minha sogra, a única diferença é o bigode!
O amigo fala:
- Mas eu não tenho bigode!
- É, mas a minha sogra tem.
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4) Um cara foi à delegacia e disse:
- Eu vim dar queixa, pois a minha sogra sumiu.
O delegado pergunta:
- Há quanto tempo ela sumiu?
- Duas semanas - respondeu o genro.
- E só agora é que você vem dar queixa?
- É que custei a acreditar que eu tivesse tanta sorte!
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5) A sogra do cara morreu. Um amigo perguntou:
- O que fazemos? Enterramos ou cremamos?
- As duas coisas. Não podemos facilitar!
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6) O cara voltava do enterro de sua sogra quando, ao passar por um prédio em obras, um tijolo caiu lá de cima e quase acertou a cabeça dele... O homem olhou pro céu e gritou:
- Já chegou aí, sua desgraçada!!! Felizmente ainda continua com má pontaria!
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7) - Querido, onde está aquele livro: 'Como viver 100 anos? '
- Joguei fora!
- Jogou fora? Por quê?
- É que a sua mãe vem nos visitar amanhã e eu não quero que ela leia essas coisas!
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8) Na sala de espera de um grande Hospital, o médico chega para um cara muito nervoso e diz:
- Tenho uma péssima noticia para lhe dar... A cirurgia que fizemos em sua mãe...
- Ah!, ela não é a minha mãe... É a minha sogra, doutor!
- Nesse caso, então, tenho uma boa noticia para lhe dar!
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9) O cara chega pro amigo e fala:
- Minha sogra morreu e agora fiquei em dúvida. Não sei se vou trabalhar ou se vou pro enterro dela... O que é que você acha?
E o amigo:
- Primeiro o trabalho, depois a diversão!!!
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10) O sujeito bate à porta de uma casa e assim que um homem abre ele diz:
- O senhor poderia contribuir com o Lar dos Idosos?
- É claro! Espere um pouco que eu vou buscar a minha sogra!
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11) Qual a punição por bigamia?
Duas sogras
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12) A mulher comenta com o marido:
- Querido, hoje o relógio caiu da parede da sala e por pouco não bateu na cabeça da mamãe...
- Maldito relógio! Sempre atrasado.□

terça-feira, 27 de abril de 2010

O corpo todo padece, a mente em delírio no deserto da espera... o momento é todo sofrimento, as idéias equivocadas prevendo o melhor ou o pior, nunca o mais provável... o cenário pode ser o telefone, um consultório, a carta, o nome esquecido do seu mais novo amigo de infância na sua frente, o presente que ainda não veio, o email ainda não aberto, o resultado de um exame, o boletim a ser entregue, a fofoca prometida(depois te conto...), o encontro em atraso, os dias contados...
Vi em alguma receita de auto-ajuda que se a insanidade evoluiu, mas ainda não causou uma gastrite, vc pode comer chocolate e banana que contém um aminoácido precursor da seretonina (com cuidado para a balança não ser o próximo cenário do pânico).
Reza ainda a lenda da auto-ajuda que situações de estresse devem ser evitadas. Como assim? A ansiedade é um estado de espírito, quase um estilo de vida (masoquista confesso, mas muito sincero).

domingo, 25 de abril de 2010

Sobre o entardecer.

Idalina lava com fervor os pés de seu pai com um sabugo. O velho já cansado, mas ainda reivindicando maiores carinhos com aqueles que garantiram suas tantas andanças pelo mundo, reclama: “Idalina, isso é pé de gente!!!” Sem se fazer de rogada com o aperreio no asseio, Idalina “filosofa” com o vizinho que se aproxima:” é isso mesmo, tanta mãe de família morre... e meu pai nesta idade..."
Esta é uma das muitas estórias que escuto do meu velho pai que em maio completará 80 anos. Gosto de ouvi-lo e acho que ele gosta de ter uma ouvinte. As lembranças são as principais companheiras desta idade. Fico pensando que o dilema central nesta idade é a solidão, principalmente numa sociabilidade onde envelhecer e escutar são coisas absoletas e, portanto, em desuso. Assusta-me a vulnerabilidade da velhice, principalmente quando ser jovem é tudo que importa na síntese da sabedoria ocidental.
Espero ter oportunidade de escutar muito de suas lembranças, saber identificar o que é real ou fruto de sua fértil imaginação e amenizar um pouco de sua solidão,enquanto aprendo com a experiência de suas ricas objetivações e reflexões. A solidão de quem parece não ter nada mais a protagonizar neste emaranhado de vida útil, burocrática e urgente que não atenta para a beleza da experiência alheia.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Então há dias cinzas. Nem tristes, nem felizes, apenas monocromáticos... tudo estabilizado, sem sustos ou surpresas. Agenda cumprida, deveres feitos, amores possíveis, olhos e braços acostumados. O cursor a espera da próxima linha, a inspiração em falta...

segunda-feira, 19 de abril de 2010

“Eu sou o passageiro...”
Passei uma parte significativa da minha vida dentro de ônibus. Entre idas e vindas à longínqua periferia de Fortaleza (sua parte não bela), sempre ficava divagando e imaginado mil coisas, por isso tenho dificuldades até hoje de identificar os caminhos, típica pessoa desorientada geograficamente. Faço sempre a alegria de taxistas e seus taxímetros ou de machistas que criticam minha direção; já me perguntaram se tirei minha carteira em Caucaia. rsrs..sou feminista(e as estatísticas do trânsito estão a meu favor),mas na ocasião juro que só pensei na discriminação da Caucaia e boba, só conseguia rir...
Mas, nos trajetos quilométricos de “enlatados lotados”, minha imaginação era sempre interrompida por aqueles personagens,figuras dormindo com um livro aberto na intenção de ler naquela "carroça"... trabalhadores iniciando a jornada,muitas conversas,piadas machistas e homofóbicas, o corno(o outro, obviamente ) como protagonista fundamental e recorrente...o ônibus faz uma parada e atenção em uma mulher, o material avaliado por diferentes gerações. O mais jovem diz que a figura não é tão bela diante do seu nível de exigência, o mais velho discorda com a sabedoria da idade: “é porque vc não chegou ainda na idade do carcará”. Assim, os pós-modernos estão certos ao menos em alguma ocasião, quando dizem que tudo é uma questão de olhar... rsrs
Os mendicantes sempre foram personagens especiais, principalmente os que jogavam praga aos que não cediam aos apelos; as pragas mais simples sugeriam o ônibus virado. Minha irmã desgraçadamente perdeu um daqueles papéis que os “mirins”(na época,chamávamos assim,pois infelizmente ainda não tinham aparecido os termos politicamente corretos) costumavam entregar aos passageiros. Ele foi ameaçando cortá-la de gillete até o centro da cidade. Por sorte,ao levantar-se, viu o papel e sua vida recuperados.
Tinham os apelos mais humanos e os mais criativos. Aquela mesma senhora com diferentes tragédias a nos comover. aquela que vindo do interior mal conhecia a cidade,mas acabara de se tratar no hospital da Messejana. Aquele com as receitas médicas de alguns anos atrás.... enfim...estratégias de sobrevivência que só quem vive na miséria consegue criar.Recentemente ouvi um menino com um discurso todo bem decorado com um apelo deveras antenado na venda dos bombons: “ acesse o site: WWW. Taque a mão no bolso...”
O desrespeito a estes trajetos e personagens e suas boas estórias no desconforto do GOL (grande ônibus lotado) é diretamente proporcional aos bons e vultosos lucros das empresas de transportes de gente.. A pergunta que não quer calar: Pq seres humanos tem menos importância que as coisas?

domingo, 18 de abril de 2010

Por este dia, saudades de Drumond:

Os Ombros Suportam o Mundo (Drummond)

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Mais do que comentarista excelente....

Por sugestão de minha sobrinha, de repente tenho um blog. “Coisa de adolescente” disse minha amiga. É, mas não tenho culpa se não alcanço minha idade cronológica, a adiantada tá sempre a frente do meu tempo, da minha “juventude”. Gosto de algumas coisas nela, mas em outras me sinto representada na música “não vou me adaptar”...
O fato é que hoje gosto de ter este blog, principalmente por encontrar boas surpresas juvenis. Meninos e meninas bem criativos, inteligentes e espirituosos, blogs que já me tornei seguidora por perceber sinceridade e talento em seus escritos. Espero que a vida nunca os faça perder a “sustentável” leveza do ser. E que as letras os levem principalmente para além de si mesmos, com capacidade de ler o mundo e seus dilemas.
Aproveito aqui pra agradecer a citação de Hilário Ferreira em seu blog: vida parte dois. Em suas densas e tensas letras, o misto de maturidade e juventude, do paradoxo entre pessoa centrada e (in)sana... Que alegria saber de você por via da beleza de sua prosa. Que a vida lhe forneça constantes e intensas inspirações e que vc continue com a capacidade de reconhecê-las e de torná-las poesia.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

“Tô Maísa: meu mundo caiu....”


Vi essa frase em algum lugar e foi nela que pensei ao acompanhar o jornal ontem . Pôxa, que más notícias, que seleção de notícias! Gosto de estar atualizada, é minha obrigação. Mas, será que a única notícia "boa" que faz os âncoras puxarem um sorrisinho de lado é a coisa chata do futebol? Não tem nada de melhor acontecendo no mundo? Cadê as resistências e a indignação? pra estas, visibilidade alguma.
Um psicopata é liberado da cadeia por bom comportamento, um cara que nega a existência histórica do holocausto ganha uma camisa da seleção brasileira, o diário da corrupção que já nos acostumamos, gente morando em esgotos vitimizados pelos desastres da gestão urbana, a igreja católica que não larga o celibato mesmo com os escândalos de pedofilia ( por falar nisso vc sabe qual a primeira coisa que o padre pedófilo perguntou qdo chegou ao céu? “cadê o menino Jesus????.”.rsrs ..essa já tá velha né... e a pedofilia também).Acho que só mesmo rindo de tanta desgraça pra degustar tantos dissabores.
Sei não viu...mas depois de ferir ouvidos e olhos fecho a TV e tenho os abraços apertados e desinteressados de kaique. Neste afago, a esperança que dias melhores virão.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Vc sabe da última?

Mesmo um tanto constrangida já visitei sites de fofocas. Vergonhoso não, mas confesso. Sei que há um sociólogo que explica que existe uma função social da fofoca, qual seja o de controle moral do comportamento das pessoas.
Se é esta é a função, acho que as páginas de sites e revistas especializadas não nos proporcionam tal prazer sádico,pelo contrário,só nos frustram. Qualquer mergulho raso é um flash na vida das celebridades da última hora. Fulana se vestiu bem, Sicrano se veste mal, Beltrana exibiu seu corpão (esta mesma frase na mesma praia com o mesmo paparazzo e o mesmo silicone em várias revistas; quanto esforço dos pobres redatores e suas mentes em momentos plenos de ebulição criativa). Afinal faz uma diferença crucial em sua vida saber sobre a última separação do melhor último casamento prejudicado pela agenda dos ilustres cônjuges; da última boca mordida pela abelha do botox; do rodízio entre empresários,modelos,atores e atrizes. Sem estas informações essenciais sua vida seria um tédio e perderia todo o sentido.
Confesso não sem horror, que gostaria de emoções mais fortes, os barracos dos bastidores, mais humanidades, saber de conteúdos e contradições da vida alheia. Sei lá, exercer com mais gosto e intensidade a tal da “inveja social” (mais invenção de sociólogo). Será que nesta seara não existem dilemas reais e menos imbecilizados?Acho que o velhor humor politicamente incorreto poderia se superar, evoluindo e substituindo as piadas contra pobres,negros,gays e mulheres e usar o ridículo no glamour destes flashs como rica matéria-prima para boas gargalhadas.
O pior é isso ter audiência e vendas.A receita disso dá certo como mercado poderia muito bem ser explicada pela letra de Renato: Pegue duas medidas de estupidez
Junte trinta e quatro partes de mentira
Coloque tudo numa forma
Untada previamente
Com promessas não cumpridas
Adicione a seguir o ódio e a inveja
Dez colheres cheias de burrice
Mexa tudo e misture bem
E não se esqueça antes de levar ao forno temperar
Com essência de espirito de porco
Duas xícaras de indiferença
e um tablete e meio de preguiça....
Ah! Hoje não dá...

sábado, 10 de abril de 2010

Aos blogs que sigo
Interessante e estranho ir conhecendo as pessoas pelas suas letras. Na condição de leitora eu vou tentando “formatar” o jeito de ser da pessoa pelo conteúdo e forma como escreve. Reconhecer o dito e o não dito (as famosas entrelinhas), sentir seu estado de espírito, extrair suas humanidades, seu envolvimento ou distância com a temática recorrente ou surpreendente, de repente é um personagem, fruto de uma fértil imaginação. De tudo, a certeza das falhas nas minhas interpretações, livres e por vezes absurdas ou ousadas, mas meras especulações. Na autonomia do escrito, pouco importa meu olhar.
Não tento psicologizar minha leitura, não tenho cacife pra tanto. Mas, em meus limites, gosto de imaginar identidades, captar sentimentos, motivações. Em tempos da “eterna falta do que falar”, tenho me surpreendido com boas dosagens de fruição estética na beleza entre formas e conteúdos. Angústias, alegrias, banalidades refletidas e exposições, sensibilidades atípicas saltam das letras e da minha percepção, nem sempre compatíveis, mas inseparáveis no cenário das palavras.

sexta-feira, 9 de abril de 2010


Duas fotos 3x4

Erlenia Sobral





Fim de férias, preparativos para o início das aulas. Dentre os preparativos, o velho registro de identificação a foto 3x 4. É quase de praxe a gente sair muito feio, meio assustado e desconfiado com o que irão fazer com a nossa cara imagem. Difícil é alguém sair satisfeito com o resultado, pois estranhamente ela nunca retrata o nosso melhor ângulo e sempre parece patético você de frente para uma câmera num exercício oficial do mais puro e forçado narcisismo. Confesso entretanto, que na minha época de movimento estudantil em que as entidades estudantis confeccionavam as carteiras,as fotos e suas diversidades de expressões eram um prazer em particular.
Achei muito interessante as últimas duas fotos de Kaynan e Kaique. Minha dupla favorita retrata nestes registros não só suas belas caras para o encanto da mãe coruja. Mas, trazem nas imagens um pouco de suas idades. Kaynan, a seriedade de quem ta saindo da infância aos seus 13 anos e a superioridade de quem de tudo já sabe, ainda que o feitio de seus olhos indique uma pessoa de olhar bondoso e humilde. Kaique, a cara jocosa de um superego em falta, o popular sem noção, que ainda não identifica a seriedade de uma 3x4. Em seu sorriso travesso, a revelação de sua condição de traquina e despreocupação com a crise internacional que no presente nos abate e com o destino de sua imagem.
Nestes dois caras das fotos me encontro entre o peso da responsabilidade de ser mãe, de educá-los e o divertimento e a leveza de descobri-los em suas humanidades. Tou no apoio e na torcida que eles se reconheçam na vida. Que enfrentem a vida assim, como no 3x4, de frente, com cara lavada e que principalmente consigam a proeza de uma identidade com inteligência moral e emocional, misto da tranqüilidade de kaynan com a vivacidade de kaique.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Quem dera a objetivação da liberdade a partir das letras, a materialização cotidiana de minhas realizações a partir do verbo...aqui tudo é mais reto e simples assim...
Na vida real tem as palavras do outro, seus anseios em mim, a inércia diante de uma porta fechada ainda que a chave em minhas mãos.
Resta-me o imaginário, mar revolto onde fervilha meu sonho de liberdade.

domingo, 4 de abril de 2010

DOMINGO

Erlenia Sobral

Domingo deveria ser eleito o dia oficial do tédio. Sem uma definição precisa, tem posição pelega e está em cima do muro entre o melhor dia da semana (o sábado) e o pior (a segunda), portanto ele dificilmente vai te proporcionar emoções grandiosas. A programação da tv encaixa como uma luva e Silvio Santos e Faustão não encontrariam dia melhor pra nos encher a paciência e esvaziar o cérebro.

Os casados provavelmente vão receber visitas (não necessariamente convidados) de parentes que estarão fugindo dos domingos de suas casas. Os solteiros ou estarão com aquele gosto terrível de cabo de guarda-chuva na boca ou numa crise existencial qualquer agravada pela falta de sentido deste dia.

Os mais otimistas depois que descobriram O Segredo resignificaram o domingo, achando formas alternativas de aproveitá-lo, mas nada que convença o resto da humanidade desta possibilidade, inclusive porque boa parte tá mais interessada em não ver o domingo, aproveitando para tirar o sono do atraso resultante da efervescência dos outros dias. Conforta um pouco saber que boa parte da população tá com o mesmo sentimento e assim este não é um sentimento tão solitário.

Talvez este horror ao domingo esteja um pouco determinado porque ele cria uma situação não tão confortável: pensar o sentido da nossa existência, quase sempre sem sentido, inclusive nos outros dias da semana. Só que nestes outros vc nem tem tempo de pensar.

Provavelmente este sentimento sobre o domingo passe por uma questão de classe, embora duvide da diferença entre Faustão na TV (classe trabalhadora) e ida ao shopping (classe média). Dos ricos nem sei como organizam o domingo,mas devem ser felizes ao se encontrarem no ethos criativo da futilidade e vazio das vinte salas de sua mansão ou no telão do toalete.

A mudança radical da sociedade provavelmente não acontecerá no domingo, pois os companheiros estarão provavelmente em suas ou não propriedades individuais, guardados pelo medo, acomodação e o horror da obrigação da segunda. Quem sabe estes mesmos companheiros descubram na luta o poder de mudar o sentido do domingo,eliminando sua condição de véspera da segunda e universalizando o que ele tem de melhor: os questionamentos sobre os sentidos das nossas existências.Assim,a composição do titãs( domingo eu quero ver domingo passar....) deixará de ser tão contemporânea e encontraremos a superação desta árdua separação entre trabalho,descanso.lazer e criação.

quarta-feira, 31 de março de 2010

...Pois o trem está chegando....
Uma das obras mais demoradas dos últimos tempos é a do metrofor. Há tempos a população sonha com a possibilidade de um transporte coletivo menos opressor. De tanto sofrer no massacrante sistema de transporte não é de estranhar que vez por outra alguém surte ou tenha delírios.
Foi a explicação mais razoável que minha sobrinha encontrou ao presenciar aquela cena tragicômica que assistiu em um desses dias comuns e hilários que só o terminal da parangaba comporta em sua síntese da tragédia e comédia da vida urbana.
No caso, a cena ocorreu na chegada ao prosaico terminal. Como era de se esperar o motorista do ônibus que Nat. estava, parou ao ouvir o apito do trem. De seu lado parou outro prudente motorista de ônibus que também se encaminhava à chegada do terminal da parangaba.
Mas, na aproximação do trem, um grito desesperado de horror vindo do ônibus paralelo. Em seguida,um coro coletivo de passageiros horrorizados com a loucura daquele motorista que pela cara,não entendia aquela histeria coletiva e em seu calmo rosto eram visíveis vários pontos de interrogação.Pontos de interrogação que também eram flagrantes em Nat e demais passageiros do ônibus vizinho.
Eis que pra amparo dos desesperados surge um herói que num supapo poderoso e provavelmente muito doloroso, quebra o vidro da janela,sem mesmo precisar da alavanca. Quando a principal mobilizadora já estava de pé na cadeira pra pular, o velho trem passa na frente dos ônibus.
É, eu falei na frente e não por cima dos ônibus como alertava a desesperada senhora. Os trilhos sobre os quais os ônibus haviam estacionado eram obviamente os desativados pela grande obra. Por questão de segundos, os heróis que sabiam exatamente onde lançar seus corpos naquele suposto urgente momento, não sabiam mais onde "enfiar a cara".
Imaginem que tudo isso tenha se passado em menos de cinco minutos. A cena caberia tranquilamente em um filme... só seria difícil qualificar se em ação,drama ou comédia...claro que dependendo do ângulo de visão e de informação.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Semianalfabeta digital e praticamente sem habilidade pra manusear este blog,hoje me tornei seguidora do meu próprio blog..rsrs..se alguém aí souber como superar esta prática narcísica e esquizofrênica,me ensina tá..

terça-feira, 23 de março de 2010

Não tem preço....


Que nosso sistema mercantiliza tudo, todos sabemos e usufrímos de tal processo de desumanização. Agora eu não tinha noção do quanto o uso de cartão de crédito ou débito faz parte de um banco de dados que pode em 20 dias decifrar coisas importantes de sua vida para os credores, inclusive se vc está prestes a se divorciar. Não é minha imaginação fértil, li numa revista científica, comprada por um cartão de débito em uma banca de revistas numa esquina qualquer.
Cada vez q. a praticidade da máquina “facilita” sua vida, uma bateria de informações é repassada e armazenada; daí bancos e credenciadoras através de programas de computador estabelecem critérios de julgamento da sua capacidade de compra, o que vc compra, onde compra, se abastece próximo do trabalho, viagens, seu poder aquisitivo, já sabem até q. se vc muda de supermercado pode estar tendo problemas financeiros.
Divórcio para os credores é algo ruim, logicamente não por uma preocupação social, mas é um mau negócio, pois de acordo com as estatísticas, a separação desestrutura a vida financeira das pessoas e deixa o mercado mais sujeito a calotes. Neste sentido, eles podem prever se em 2 anos, com grau de acerto de 98% e de acordo com os padrões de compras se ocorrerá divórcio.Se vc anda pulando a cerca é possível que seu cartão de crédito não tenha aumento de crédito enquanto vc não ficar ciente que sua inconseqüência poderá futuramente prejudicar o mercado financeiro.
Quando leio estas coisas me sinto no filme matrix, só que com um nível de exposição e manipulação superior a capacidade de batalha do belo Keanu Reeves.
Segundo um neuroeconomista,outra "facilidade" que o uso do cartão oferece é que ele distorce a competição entre as partes do nosso cérebro.Assim,a empolgação da compra não é afetada pelo pagamento em dinheiro;nem parece que estamos ou vamos pagar.Basta esconder os tíquetes amarelos ou azuis no fundo da carteira,ainda que a fatura nos lembre daquela lei básica: toda ação gera uma reação em sentido contrário.Quer dizer,alegria na compra,dores com fatura.É isso que o cinismo da publicidade anuncia:não tem preço.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Em véspera de enfrentar a qualificação do meu projeto lá no querido Recife..escrevo mais ainda as minhas banalidades pra acalmar minha ansiedade(sempre latente em minha aparente calma)...E aqui falo de um dos meus amores.

Aprendendo,mas não tem ensaio...

Uma das descobertas mais importantes pra mães de adolescentes é saber que os neurônios se regeneram, coisa que há pouco a ciência não sabia. Isso quer dizer que nem tudo tá perdido e que nossos discursos cotidianos frente aos comportamentos “aborrescentes” podem brotar algum efeito. Haja paciência, mas enfim é a parte do mais padecer e menos paraíso que nos cabe. Com tanta tecnologia a favor, bem que poderíamos já gravar algumas falas básicas, iria nos poupar de questionamentos de nossas sagradas ordens.
Bem, tou iniciando agora neste papel de mãe de adolescente, não tenho muita experiência pra discorrer ou dar dicas, já que meu baby agora que fez 13 anos. Pra conhecer melhor esta pessoa que já não cabe em meus braços e que já prefere a companhia de amigos, tenho visitado o Orkut dele, desde que ele me convenceu a ter um. Surpreendo-me quase sempre com algum EU TE AMO de alguma menina, pergunto se é namoro, meu bebê responde que isso não indica namoro e que eu só penso assim pq sou antiga, mais precisamente do tempo das trevas. Até que tenho muita facilidade de conjugar o verbo amar, mas não sei se me acostumo em acompanhar esta banalidade com o eu te amo.
Vou então às comunidades... Ele já se associou a mais de 600, imagino o tempo de estudos que daria. Nelas percebo várias de nossas influências, parece que neste sentido as gerações passadas (do tempo das trevas) fazem vários empréstimos a dele: Pink floyd, Legião, referências comunistas, etc. Do lado da comunidade EU ODEIO A REDE GLOBO está sem nenhum constrangimento, a do DOURADO do BBB.
Mas, no passeio que fiz me senti contemplada pq encontrei a básica e fundamental comum. EU AMO A MINHA MÃE. Tento acompanhar tudo, sem deixar de ser uma referência de autoridade, quero ser amiga sem deixar de ser mãe. Mas, eita tarefa espinhosa e difícil de saber os limites e fronteiras.
MESTRE JOÃO SOBRAL

Mestre João Sobral tem 79 anos de suor, trabalho e sonhos. Sua vivacidade se expressa principalmente no fato de nunca deixar de sonhar, planejar e realizar. De tanto ser obrigado a rezar na infância, não gosta de igrejas,padres,mas é um homem de muita fé,embora até desconfie da existência de Deus.Sua fé é na capacidade e força em que busca a realização de suas vontades.
Adora conversar por horas histórias e estórias, meio que também encontrou de suportar a dureza de seu trabalho de mestre de obras, saídas de madrugada de casa e retornos à noitinha. De sol a sol, nunca reclamou de ter que sustentar sozinho seus oito filhos,apesar das dolorosas câimbras que o torturavam a noite.
Saiu do sertão de Quixadá na década de 1970 com o sonho de formar seus filhos para que nenhum deles tivesse que carregar sua mesma cruz pesada. Apesar desta busca por aliviar o caminho dos filhos, nunca foi suave ao ralhar com os mesmos, ao contrário, sempre duro e exigente em seus ensinamentos, compatíveis com um homem rude e de sólida formação moral.
Esta mesma moral que o fez criar inimigos entre seus companheiros de trabalho, mais resistentes a moral burguesa da propriedade privada. Neste mesmo espaço, sempre foi respeitado por muitos colegas e patrões por sua perspicácia, objetividade e honestidade.
Apesar da rigidez, sempre lamentou não poder expressar carinhos em forma de mercadorias, presentes aos seus filhos. Mas, conseguiu a todo custo garantir alimentação e estudos. Nem todos os filhos realizaram seu sonho de formatura, mas todos herdaram dele a capacidade de sobrevivência.
Apesar de uma história difícil e de luta, não esperem encontrar um homem cansado de guerra e triste. Ao contrario, um senhor que reforma constantemente o negocio que conseguiu construir depois dos 60 e sua casa que vive com dona Eliza, uma grande companheira com quem compartilha sonhos, seu humor bipolar e desgastes da idade e de um AVC que sofreu recentemente(que por sorte,não deixou sequelas).
Em maio completará os 80. Permanece a sua vivacidade, sua vontade de crescer e ainda se aventura na sua velha profissão de pedreiro, derrubando e erguendo paredes agora de sua própria casa. É inquieto,tem as mãos bem calejadas,os olhos atentos e algumas vezes o pegamos a filosofar sobre a brevidade da vida,nem que seja sozinho.Hábito que tem desde moço e que nós filhos não compreendíamos bem e morríamos de medo,principalmente quando era acompanhado de murros na parede.
É que a gente ainda não compreendia como um homem tão inteligente e centrado poderia falar sozinho e em voz alta. Hoje sabemos que estas mentes de inteligência rara quase sempre são as mais solitárias e inconformadas com as contradições da vida. E nem sempre conseguem compartilhar suas angústias.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Religioso-ser ou não ser

Erlenia Sobral
Em recente culto a São Marx no gema, debatemos com todo fervor a questão da alienação religiosa enquanto um dos elementos contrários a emancipação humana. Identificamos que enquanto construto sócio-histórico do homem que inverte a relação homem e história pela mediação do ser absoluto, ela pouco serve a transformação radical da sociedade.
Mas, como graças a Deus e aos homens alienados vivemos sob o teto das contradições sociais nada impede que os materialistas também usufruam do elemento histórico da contradição e possa orar ou rezar, principalmente em situações em que o destino histórico parece impedir ou rir dos poderes humanos. Quem nunca apelou a Deus ao encontrar um ente querido doente ou mesmo a uma promessa para alcançar objetivo pouco nobre como a vitória do Sport-Re ( se fosse ao menos do Fortaleza...)
Faço isso cotidianamente (não pelo time do Fortaleza, mas pelos que amo) e confessar isto a companheiros de luta (e de fé) é só pra lembrar que em nossos processos de individuação reproduzimos o processo de alienação por conta dos mesmos limites históricos que eliminam a possibilidade de encontrarmos a nossa identidade humano-genérica e nos reconhecermos nela. Se nas nossas relações homem x homem não encontramos a possibilidade de realização só nos resta recorrer ao ser absoluto, que este ao menos não tem contradições.
Professor Adalberto (ufc) sempre nos lembrava que é exatamente a ausência do Estado e políticas sociais que torna a igreja universal o PRONTO SOCORRO DO REINO DE DEUS. Afinal a quem apelar quando nem seus vizinhos (empobrecidos como você) podem lhe ajudar? E aí a boa fé das pessoas vai ser mediada pelo velho determinante da mercantilização e dependendo do seu dilema. ela terá um preço, desde um vale transporte ao cheque gordo do empresário que irá participar do dia do empresário.E até o amor (outro velho construto sócio-histórico) tem sua solução no dia da paquera na igreja universal.Enfim tudo se resolve no centro comercial do reino de deus,afinal pequenas igrejas,grandes negócios...
Meus questionamentos sobre as instituições religiosas não vem da família. Tenho um irmão que é protestante fervoroso, admiro e invejo sua fé. Há tempos de passar o dia louvando...um dia desses de tanto ouvir a mesma canção sobre um pastor que com suas 99 ovelhas não cansava de procurar a centésima, observou seu vizinho profano reclamando ao síndico: “não agüento mais aquele cara....é uma putaria de umas 49 ovelhas o dia inteiro..”
Há quem agradeça a e tenha certeza que é privilegiado por Deus por não ter ido naquele avião que caiu e matou dezenas de pessoas... foi Deus. Tudo bem, os outros provavelmente não eram filhos de Deus ou já tinham alcançado a salvação e portanto, poderiam ir direto ao céu e com certeza não encontrariam transporte melhor...
Como no nosso sistema nada é mais legitimo que a salvação individual, é de direito rezar pra passar em um concurso e derrubar (com todo o apoio divino) os seus concorrentes. Ninguém precisa e merece mais aquela vaga que você.
Se você já alcançou o espírito da pós-modernidade e acha Deus um ser muito medieval, autoritário e totalitário que a modernidade não conseguiu eliminar, não esqueça que tudo se resume a uma questão de representação e que, portanto cada um pode ter seu próprio Deus. Se ele não serve, tem os duendes, as fadas,os signos(eu adoro) e toda sorte de mistificações que pode tornar a mediocridade da vida burguesa mais feliz. Ah!Tem também O SEGREDO, depois eu conto!

quarta-feira, 17 de março de 2010

O gordo em pauta.

Erlenia Sobral

Recentemente na cantina do ccsa, presenciei uma cena que me fez refletir, aliás, como tudo que acontece naquele prosaico café. As meninas da lanchonete questionando quase silenciosa e maldosamente as preferências de uma senhora gorda que como cidadã consumidora pagava sua torta de chocolate. Enquanto pessoa fora de forma e também fã da deliciosa guloseima, me incomodei e fiquei a pensar porque a obesidade dos outros preocupa tanto.
Não que eu não saiba que esta se configura como uma doença a ser superada. Pelo contrario, acho que necessariamente precisa ser tratada como tal. Não só pelo obeso e os médicos, mas também pelos magros que a percebem com um certo desconforto. Assim poupariam o gordo de duas coisas:1) do velho sentimento de culpa,tão próprio da sociedade ocidental e 2) de mais uma desculpa deste se refugiar em uma das poucas maravilhas desta vida que é comer.
Todo gordo já tentou superar sua condição, embora nem sempre admita que ela seja determinada pelo pãozinho a mais, seu corpo sempre sofre para uma tendência, sabe aquela velha frase: eu nem como tanto assim.... Não faltam revistas especializadas e já que perceberam que gordo gosta de consumir muito, tanto exploram sua doença como estimulam a superação da mesma.
Nas ditas revistas especializadas, o gordo é necessariamente alguém que tem alguma frustração e inveja do magro. Mas,segundo Luis Fernando Veríssimo( diga-se de passagem,um simpático gordo) o sentimento não se direciona a qualquer magro,mas ao come e não engorda.Pra ele,quem não gosta de comer nem é gente; o que desperta a inveja é aquele de metabolismo espetacular,aquele que come tudo e não engorda de ruim que é. Mas, gordo não pode ser ruim, portanto fica difícil emagrecer. Gordo tem que ser no mínimo simpático ou engraçadinho pra compensar o tanto de espaço que ocupa nas cadeiras de ônibus e no elevador.
Algumas pesquisas já mostram determinações genéticas e sociais desta doença. E é com certeza uma característica do nosso tempo de abundancia e muito controle remoto. Tempos em que caminhar não é mais uma condição natural e básica do ser humano. Mas, um privilegio da coragem de quem não se rendeu ou não tem acesso aos confortos, determinados pelas conquistas do desenvolvimento das forcas produtivas e suas contradições.
Vejam então que o gordo pode também ser contextualizado como uma vitima, tudo bem que não de todo passiva,haja vista sua boca nervosa.Mas,também não deveria incomodar tanto.Nem os regimes e as milhares de dietas deveriam ser os únicos ponto de pauta das conversas de todo mundo,inclusive de intelectuais; cadê o famoso hoje tá fazendo um calor não é?Observem que eu nem mencionei as exigências dos padrões de beleza anoréxica. Também dá pra substituir a pauta por assuntos mais lights como os espirituais. Só pra lembrar que gordos e magros tem outros atributos humanos para além de sua silhueta.
Mas, já que estamos numa sociedade tão atenta aos padrões de beleza, solicito que a indústria cosmética aperfeiçoe o mais urgente possível o botox pq não demora chego aos 40 e espero poder usá-lo, sem prejuízos da minha eterna vontade de rir da vida e de nós mesmos.
Uma cantada sincera?



Apesar dos tempos ultramodernos, da liberação sexual e do doloroso processo de emancipação das mulheres, uma boa parte dos homens ainda se utiliza de palavras que tentam de alguma maneira iludir as mulheres, ainda que a teleologia seja apenas uma noite ou um antes a tarde do que nunca.
Por isso a particularidade no caso de minha amiga. O príncipe encantado desceu do cavalo branco e numa atitude inusitada enviou um depoimento via Orkut pra nossa colega onde revelava sua atração pela mesma. Mas, foi muito claro e sincero: não é sentimental,é físico.. Afinal seus nobres sentimentos estão canalizados para o seu mais novo endereço, onde agora divide as escovas de dentes com seu “único e verdadeiro” amor. Ele guarda ansioso a resposta ao convite pra sair e solicita que ela não o encare como um cafajeste, ainda que tenha enviado o depoimento como secreto, já que sua verdadeira mui amada (que tem o privilégio de seus nobres sentimentos) não pode saber.
Nossa colega que tem como livro de cabeceira o famoso livro As 35 regras para conquistar um homem ficou estarrecida com a descarada proposta. Não pq não possa viver uma aventura, mas o nobre cavalheiro precisa saber que até para o efêmero é preciso o mínimo de elegância e talvez uma certa dose de romance, ainda que o cinismo seja sua base. A cara dura da sinceridade fica pra um outro momento dos relacionamentos, quando a famosa DR já ocupou o lugar do jogo de sedução.
Talvez futuramente o comportamento do rapaz possa ser usado com mais freqüência sem causar choques, perdas ou danos, principalmente se for compartilhado pelas três partes interessadas ou desinteressadas na sinceridade como recurso de convivência e de expressão do sentimental ou físico. Por enquanto, vamos fazendo as leituras das forças em presença e vivendo uma hipocrisia suportável, que ninguém é de ferro.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Uma forte ausência!


Tão estranha sua morte

Simplesmente você não existe mais

Não faz mais compras

Não deve mais a ninguém

Não sofre mais por amor.


Não beija mais seu filho

Não conta suas piadas

Não foge para seus amores

Não escreve nem recita suas poesias.


Não planeja novos livros

Não pode mais defender lula

Não entra mais de repente na sala

Não mais nos surpreende com suas estórias

Não nos alegra com sua doce e inquieta presença

Não nos mira com seus olhos belos e claros.


Assusta saber que você vai se apagando em nós

pela urgência do cotidiano

pela ausência na sala

pela falta de nova poesia

pela importante correria pela cédula.


Achamos que foi só com você

a morte não está no nosso horizonte

por isso corremos,

por isso precisamos esquecer de você.




No mês de agosto de 2007 meu irmão faleceu aos 51 anos de idade.
Roberto Sobral,o marinheiro poeta.
Compartilho com vcs uma de suas poesias.
Sempre lembro dele e da alegria que emanava mesmo com o câncer.
A morte é algo absolutamente estranho.

METAFÍSICA (Roberto Sobral)
Ontem retornei à praia. Ao entardecer silenciosamente a buscá-la na preamar Inutilmente sem respostas vaguei...Quanta metafísica nos meus passos, sonhos, Filosofia na areia...
Eu pensei em recitar Camões. Mas apenas fragmentos de alguns versos seus me acudiram Também... recitar pra quem?
Para quem eu diria Camões, Rilke ou Verlaine? Você não estava e ainda que transcendente seja a poesia Você não estava
Ainda que hipotético eu fosse.
Respirei fundo a angústia daquela tarde e toda a realidade do mundo desabou sobre a minha cabeça. Há algo demais profundo na minha caminhada Tenho a sensação de que é pela sua ausência que me descubro. Você não vem e um vazio enorme fica dentro de mim.
No meu regresso pensamentos aflitos, subjetivos me ocorrem... Será que amor é isso?

domingo, 7 de março de 2010

DIA INTERNACIONAL DA MULHER
Um abraço em minhas queridas amigas pelo dia internacional da Mulher. Tenho o privilégio de conviver com tantas guerreiras na família, nas esquinas, nos caminhos da amizade. Carregamos parte do fardo do mundo, do pecado original, a maldição do Gênesis. Abraço fraterno em nossas reações, nossas lutas, nossas diversidades de amar, nossas formas de dizer não à opressão de gênero, de classe, etnia, sexualidade.
Eternas bruxas, fervilhamos em nossos caldeirões o mix da polivalência, das infinitas formas de amar, da intensidade, das compaixões. Quiçá nosso potencial de amar seja um ingrediente a transbordar e a desarmar o mundo e a nós mesmas, fortalecendo a beleza de nossa feminilidade para além dos lucros das indústrias cosméticas e dos eternos complexos de cinderela.
Parabéns a todas nós, pelas lutas individuais de todo dia, em particular àquelas que estão na luta coletiva. Que nossa coragem nas batalhas deste mundo seja também uma arma pra construção de um mundo radicalmente diferente.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Sobre a loucura

Erlenia Sobral

Na minha turma de pós brincamos constantemente com a categoria da loucura, dizendo que esta certamente foi, sem duvida, critério de seleção da nossa turma. Ou será mesmo coincidência a reunião de 11 seres mui loucos numa mesma leva de seleção? Fica a duvida.Mas, neste texto gostaria de comentar um pouco sobre a loucura. Claro sem nenhuma pretensão de lucidez acadêmica,ate porque não tenho propriedade para tal.Mas calma, não deixem de ler, pois também não tenho ainda atestado de doido.Sou alguém quase normal, pensando e temendo um pouco a temática.

Claro que temo. Quem ai não tem aquele medinho de enlouquecer de vez? Se nunca passou isso pela sua cabeça, cuidado,... das duas uma:ou vc já enlouqueceu totalmente e portanto a temática pouco o preocupa ou ninguém lhe avisou,mas sua normalidade ta passando dos limites.

Aquela velha frase de Caetano de perto ninguém é normal todo mundo já usou um dia, principalmente em ocasiões em que vc se surpreende com uma atitude de um velho amigo que era pra vc símbolo de lucidez, até presenciar um ataque histérico dele no transito. Ou ele vai dormir na sua casa e confessa ter medo de espíritos, pedindo pra que vc deixe a luz acesa(ele conhece tanto os espíritos que sabe das loucuras dos mesmos).Ou vai tomar café com vc, lava as mãos umas quatro vezes e em seguida tira todo o miolo do pão pra não engordar.Não sem antes tomar 2 copos de suco de laranja e 2 fatias de bolo.

São nestas pequenas loucuras que revelamos nosso ser. Talvez por isso, companheiros (as) de longas datas se tornem cúmplices e por vezes tem dificuldades de se separar, mesmo quando o amor já foi. E se ele revelar minhas manias? E depois dá uma preguiça de conhecer outro maluco ou maluco e passar pelos velhos processos e só revelar suas loucuras aos poucos pra não assustar o futuro cuidador ou cuidadora. E se as loucuras de um outro louco emergente forem piores que as do anterior?Afinal, vc tem que saber qual loucura combina mais com a sua.

Conheço gente que, coitado, tem certeza absoluta que é normal. Mas,também é só a certeza,porque os olhos,os risos nervosos e os tiques o desmentem o tempo todo.Conheço um que a psicóloga deu alta em poucas sessões e teve pena de encaminha-la ao psiquiatra.Pena do psiquiatra,não dele.Afinal o pior doido é o sabido e aquele que filosofa sobre sua própria loucura e ainda consegue seguidores.

Às vezes é genético. Conheço uma família inteira.Meu pai dizia que na dita família, o mais normal era sua afilhada e mesmo assim pedia a bênção a ele as 20 vezes que o encontrasse.Pior era meu primo,que ao chegar na casa da vó, não tinha paciência de esperar todo aquele ritual que a velhinha fazia e antes que ela começasse,ele já a tinha abençoado e corrido pro quintal brincar.

Tem também a lenda que estudar deixa a gente doido. Não duvido,embora me arrisque.Encontro muitos loucos na universidade.Por isso é bom continuar marxista,pois esta perspectiva ao menos não viaja muito na maionese,mantém seu pé firme no chão e pode ser um antídoto contra crenças,boatos e loucuras.Se bem,que as vezes não funciona muito com certos companheiros.

Afinal, os marxistas também tem uma certa dose de loucura, ao quebrarem as regras da normalidade dos padrões e fetiches burgueses. Mas,neste caso a loucura sim é a maior prova que em certas ocasiões a normalidade e a loucura tem muito mais identidades do que imaginamos.

Sobrevivemos numa sociedade que enlouquece a todos nos, com consumo desesperado de coisas e coisas e coisas. Você pega alguma coisa na prateleira,enfrenta uma fila,xinga a lentidão e resistência do caixa explorado,trabalha de graça como empacotador de mercadoria para o dono da loja economizar mais alguns milhões de reais,leva pra casa,olha mal pro seu vizinho no elevador,se tranca e vai curtir sua nova aquisição.

Ao menos ate o momento que vc descobre que não era bem aquilo que queria... talvez tem um lançamento novo.O que vc não consegue enxergar nem descobrir e a identidade que se construiu entre seus desejos e os do capital.E mais, que o que nos enlouquece é não sabermos mais quem somos,pois ele já se apoderou de nossa alma.

terça-feira, 2 de março de 2010

Não é uma Brastemp,mas...

Não é uma Brastemp, mas....
Erlenia Sobral
Luciana é uma brava lutadora que sobreviveu aos processos violentos de ocupação e resistência da Rosalina, mãe de seis filhos, e que hoje eu tenho o privilégio de conviver, usufruir de seus serviços aqui em casa; ainda de sua alegria constante, inexplicável, invejável e sem preocupações com as falhas no sorriso. Ainda que uma jovem senhora, ela tem muitas estórias pra contar. Compartilho com vcs sua saga na compra de uma geladeira. Não era uma Brastemp, mas...
A geladeira é hoje talvez um dos produtos que mais cumpre o tempo curto e necessário pra garantia do tempo de giro das mercadorias e garantia de consumo e lucro. Mas, não bastasse a má qualidade da mercadoria, ainda temos os processos de financiamentos de compra. Luciana não possui cartão de crédito, pois o SPC (sistema de proteção ao capital) não permite. Assim, apelou ao outro SPC (solidariedade e proteção ao carente, uma destas coisas que às vezes só encontramos nas classes subalternizadas). No caso, um amigo da comunidade cedeu seu crédito, através de uma financeira.. O produto foi então adquirido em 12 parcelas de 120,00... era o planejamento inicial.
Todos ficaram eufóricos com o bem adquirido e livres da antipatia da vizinha que já não agüentava mais ocupar sua já gasta geladeira. Passado o primeiro pagamento com tranqüilidade, nossa amiga sofreu um baque muito comum na sua profissão imersa na informalidade, no oportunismo da classe média e na “ausência” de direitos... ficou desempregada doméstica.
Mas, sem querer prejudicar o amigo solidário que lhe acudira, Luciana resolveu então fazer um empréstimo de 450,00 com um agiota pra atualizar as 3 parcelas atrasadas, penhorando o benefício que recebe por 8 meses (adicione-se 8x134, 00 ao valor total da geladeira). Mas,no processo de negociação com a financeira a agiotagem foi maior: na análise do débito em questão , a negociação possível foi 250 de entrada mais 10 parcelas de 100,00.
Contando que nem sempre o orçamento permite o pagamento em dia, Luciana já pagou muito mais juros ainda. Eu fiquei zonza ao tentar somar, mas por nossas contas o bem já está em torno de 2060,00, ainda faltando cinco parcelas pra fechar o pagamento total.
Ela relata que o afeto pelo produto já se transformou em mágoa. Quiçá, seu ódio pela dita cuja também não auxilie o tempo de giro da sofrida aquisição...

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Escrever é um ato de liberdade, desejo de expressar, expor, anunciar, denunciar...
Aos amigos que acessam este blog, obrigada por me escutarem..não vão encontrar grandes escritos, mas ouvirão letras sinceras, alegres, simples e diretas.