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segunda-feira, 15 de março de 2010

Uma forte ausência!


Tão estranha sua morte

Simplesmente você não existe mais

Não faz mais compras

Não deve mais a ninguém

Não sofre mais por amor.


Não beija mais seu filho

Não conta suas piadas

Não foge para seus amores

Não escreve nem recita suas poesias.


Não planeja novos livros

Não pode mais defender lula

Não entra mais de repente na sala

Não mais nos surpreende com suas estórias

Não nos alegra com sua doce e inquieta presença

Não nos mira com seus olhos belos e claros.


Assusta saber que você vai se apagando em nós

pela urgência do cotidiano

pela ausência na sala

pela falta de nova poesia

pela importante correria pela cédula.


Achamos que foi só com você

a morte não está no nosso horizonte

por isso corremos,

por isso precisamos esquecer de você.




No mês de agosto de 2007 meu irmão faleceu aos 51 anos de idade.
Roberto Sobral,o marinheiro poeta.
Compartilho com vcs uma de suas poesias.
Sempre lembro dele e da alegria que emanava mesmo com o câncer.
A morte é algo absolutamente estranho.

METAFÍSICA (Roberto Sobral)
Ontem retornei à praia. Ao entardecer silenciosamente a buscá-la na preamar Inutilmente sem respostas vaguei...Quanta metafísica nos meus passos, sonhos, Filosofia na areia...
Eu pensei em recitar Camões. Mas apenas fragmentos de alguns versos seus me acudiram Também... recitar pra quem?
Para quem eu diria Camões, Rilke ou Verlaine? Você não estava e ainda que transcendente seja a poesia Você não estava
Ainda que hipotético eu fosse.
Respirei fundo a angústia daquela tarde e toda a realidade do mundo desabou sobre a minha cabeça. Há algo demais profundo na minha caminhada Tenho a sensação de que é pela sua ausência que me descubro. Você não vem e um vazio enorme fica dentro de mim.
No meu regresso pensamentos aflitos, subjetivos me ocorrem... Será que amor é isso?

2 comentários:

  1. Nessas horas, além do silêncio não fica muito a ser dito. Quando meu pai faleceu, no santinho de sétimo dia tinha algumas máximas e citações dele.
    Nessas horas, acho que as palavras são, deveras, atemporais.

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  2. Sem dúvida..resta a saudade e a certeza do insubstituível.

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