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quinta-feira, 18 de março de 2010

Religioso-ser ou não ser

Erlenia Sobral
Em recente culto a São Marx no gema, debatemos com todo fervor a questão da alienação religiosa enquanto um dos elementos contrários a emancipação humana. Identificamos que enquanto construto sócio-histórico do homem que inverte a relação homem e história pela mediação do ser absoluto, ela pouco serve a transformação radical da sociedade.
Mas, como graças a Deus e aos homens alienados vivemos sob o teto das contradições sociais nada impede que os materialistas também usufruam do elemento histórico da contradição e possa orar ou rezar, principalmente em situações em que o destino histórico parece impedir ou rir dos poderes humanos. Quem nunca apelou a Deus ao encontrar um ente querido doente ou mesmo a uma promessa para alcançar objetivo pouco nobre como a vitória do Sport-Re ( se fosse ao menos do Fortaleza...)
Faço isso cotidianamente (não pelo time do Fortaleza, mas pelos que amo) e confessar isto a companheiros de luta (e de fé) é só pra lembrar que em nossos processos de individuação reproduzimos o processo de alienação por conta dos mesmos limites históricos que eliminam a possibilidade de encontrarmos a nossa identidade humano-genérica e nos reconhecermos nela. Se nas nossas relações homem x homem não encontramos a possibilidade de realização só nos resta recorrer ao ser absoluto, que este ao menos não tem contradições.
Professor Adalberto (ufc) sempre nos lembrava que é exatamente a ausência do Estado e políticas sociais que torna a igreja universal o PRONTO SOCORRO DO REINO DE DEUS. Afinal a quem apelar quando nem seus vizinhos (empobrecidos como você) podem lhe ajudar? E aí a boa fé das pessoas vai ser mediada pelo velho determinante da mercantilização e dependendo do seu dilema. ela terá um preço, desde um vale transporte ao cheque gordo do empresário que irá participar do dia do empresário.E até o amor (outro velho construto sócio-histórico) tem sua solução no dia da paquera na igreja universal.Enfim tudo se resolve no centro comercial do reino de deus,afinal pequenas igrejas,grandes negócios...
Meus questionamentos sobre as instituições religiosas não vem da família. Tenho um irmão que é protestante fervoroso, admiro e invejo sua fé. Há tempos de passar o dia louvando...um dia desses de tanto ouvir a mesma canção sobre um pastor que com suas 99 ovelhas não cansava de procurar a centésima, observou seu vizinho profano reclamando ao síndico: “não agüento mais aquele cara....é uma putaria de umas 49 ovelhas o dia inteiro..”
Há quem agradeça a e tenha certeza que é privilegiado por Deus por não ter ido naquele avião que caiu e matou dezenas de pessoas... foi Deus. Tudo bem, os outros provavelmente não eram filhos de Deus ou já tinham alcançado a salvação e portanto, poderiam ir direto ao céu e com certeza não encontrariam transporte melhor...
Como no nosso sistema nada é mais legitimo que a salvação individual, é de direito rezar pra passar em um concurso e derrubar (com todo o apoio divino) os seus concorrentes. Ninguém precisa e merece mais aquela vaga que você.
Se você já alcançou o espírito da pós-modernidade e acha Deus um ser muito medieval, autoritário e totalitário que a modernidade não conseguiu eliminar, não esqueça que tudo se resume a uma questão de representação e que, portanto cada um pode ter seu próprio Deus. Se ele não serve, tem os duendes, as fadas,os signos(eu adoro) e toda sorte de mistificações que pode tornar a mediocridade da vida burguesa mais feliz. Ah!Tem também O SEGREDO, depois eu conto!

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