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sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Entre lixo,odores,dores e catadores...


Entre mil atividades de mãe, professora e crises existenciais fui convidada recentemente para apreciar o trabalho de especialização de uma ex-aluna que felizmente busca se reciclar. A temática me envolveu imediatamente. O tema lixo é absolutamente contemporâneo e de grande relevância social. É tratado ao longo do texto com linguagem simples, límpida e com cuidadosa separação dos conceitos, ao mesmo tempo em que percebe a mediação entre os mesmos no jogo metabólico da produção/reprodução do capital. Alcança as definições formais, mas vai além identificando a funcionalidade do lixo, da reciclagem pra sentir o que é ser catador de lixo na percepção dos mesmos.
Se a mera aproximação conceitual já pode nos causar repulsa a partir das imagens, ficamos a imaginar o que é a vivência e aproximação real e cotidiana com os excessos apodrecidos desta sociedade do consumo. Entre a degradação da natureza chama a atenção este ser cuja presença entre os detritos surpreendeu o poeta Manuel Bandeira .
São quase 6.000 lixões registrados segundo dados do IBGE. Das descrições exalam os odores, as dores, as decomposições, as toxidades, o descaso do poder público, a desproteção, a informalidade, os rendimentos incertos, variações climáticas, violência urbana. É trabalho assim sem exigências de idade, escolaridade, saúde ou aparências.
Os depoimentos apresentados são preciosos na descrição das condições de trabalho do catador: condições insalubres, a alta periculosidade, os problemas de saúde, a falta de proteção social, a competição entre os catadores são claramente expostas nas falas dos trabalhadores. No olhar ingênuo do catador descartável a ilusão da autonomia, supostamente sem patrão definindo seu tempo e seu espaço, suas supostas escolhas...

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