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quinta-feira, 28 de julho de 2011

É-MAIL LOUCURA

Passei incríveis dez dias sem acessar emails e por impossível que pareça, sobrevivi. Claro que me corroendo, aproveitando pouco o processo de desintoxicação virtual, afinal isso pode se tornar uma compulsão. Durante o retiro, sonhei com mensagens decisivas, perdas de prazos, mensagens da orientadora, insultos de inimigos, uma amiga em desespero...minha vida parecia estar determinada por um clique e eu com consciência pesada do que poderia estar perdendo.
De volta ao lar virtual o alívio de nenhuma noticia mais impactante, vou então fazendo uma varredura, apagando os supérfluos e inúteis. Tem os emails clássicos com vírus, puro lixo virtual: notícias da receita federal, bancos, tribunal de justiça . Tem os comprometedores: as supostas fotos de flagra, as promoções da revista Veja dizendo sem tremer as letras que é a maior informação do país, Anna pegova me prometendo a juventude eterna por um simples kit de 20.000,00, as supostas fotos do beijo que vc nem sonhou em dar, os prêmios. Dentre os tantos, recebi hoje um inusitado: aumente seu pênis em até 15 cm. Fiquei em dúvida se apagava ou se encaminhava solidariamente a algum possível interessado. Mas o mais chato de tudo são as correntes. Mesmo que vc não seja supersticioso tem medo da praga que lhe jogam e resolve encaminhar pra outros 9 coitados que muito chateados, irão esperar algo de bom nos próximos 9 minutos.
O fato é que tem coisas que é melhor dizer por escrito, embora sempre tem que ter cautela pq fica registrado e futuramente alguém pode usar isso contra vc, principalmente se vc for estilo Raul e preferir ser aquela metamorfose ambulante..vai que alguém capta e usa um email comprometedor com os tempos invertidos: se hoje vc me odeia, ontem me teve amor. Quem nunca mandou um email e se arrependeu na mesma hora? Quem já não insultou por email?
O certo é que informática não é algo confiável. Eu sempre tive medo de computador, me familiarizo aos poucos, vou arriscando. Sinto arrepios e engulo seco quando ele diz: vc acabou de realizar uma operação ilegal!!!!!! OU quando resolve moralizar o processo: que feio servidor!!!!! Parece que tem vida própria, principalmente quando vc está guardando algo importante nas pastas: ele falha, trava, resolve baixar imunidade e encher de vírus.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

DEPRÊ x esteira
Não tem gosto, é absolutamente insípido. É a perda de referências, da graça por qualquer coisa, do sentido. Não há prazer, simplesmente perdeu-se. Por instinto de sobrevivência arrastei-me até a esteira e em 25 minutos a endorfina sinalizou uma esperança. É orgânico assim, embora possa ter origem na alma.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Ao entardecer

Ao entardecer

Final de tarde e visito seu João. Penso antes em encontrá-lo convalescente dado o tratamento quimioterápico. A minha surpresa entretanto ocorre logo na entrada da casa. Seu João regando uma nova pequena árvore que plantou hoje.

E dentro de casa mais uma surpresa: dona Eliza reclamando que a quimioterapia deve ter em sua fórmula água de chocalho. Mais do que nunca aquelas muitas memórias do homem de 81 anos afloram numa boca que só pára quando dorme. Outro dia, já impaciente com a surdez de dona Eliza resolveu contar pra si mesmo as estórias de seu pai e do sertão. Riu muito com as lembranças enquanto dona Eliza já desconfiava que o tratamento tinha efeito colateral na cabeça.

Mas acalmou sua velha. Não, não caducava. É que na solidão lhe restava a memória e não seria por falta de interlocutor que iria deixar de falar, revisitar o tempo que o corpo acompanhava sua inquietude e vontade de viver.

Uma árvore, um velho, suas memórias, risos destemporâneos. Um bom entardecer.

domingo, 20 de março de 2011

Pessoas, esperas e caixas eletrônicos


Vc está atrasado, mas tem que pagar aquela conta impreterivelmente e sua única opção é enfrentar uma fila quilométrica. Então tá...Mais do que o tamanho da fila, vc tem que assistir nervosa a relação particular de vários seres com uma máquina. Tem de todo o naipe. Tem o metódico - aquele que confere rigorosamente o saldo, leva um certo tempo pra assimilar o que tem na própria conta, faz um saque e depois cauteloso confere novamente o saldo pra saber o que restou depois do saque. Ainda que atencioso deve ter se ausentado das aulas de matemática: saldo restante= saldo inicial- saque efetuado.
Tem o centro do universo- ele traz desde a conta de luz até o plano veterinário pra pagar na máquina de uma só vez na mesma hora. Tem o inocente que chama alguém para digitar a própria senha. Tem o esperançoso: que não acredita no primeiro saldo e tenta várias vezes para saber se na conta de repente não apareceu algo ou a conta não aumentou. Tem o despercebido que traz cartão da caixa econômica e tentar encaixar a todo custo no caixa do Itaú. Tem o incrédulo: tinha certeza que o dinheiro tava na conta, mas balança a cabeça pq não acredita naquele saldo. Tem o nervoso: chateado com morosidade da máquina, emite chutes contra a coitada. Tem o inconveniente: vc é o próximo da fila e ela aparece grávida ou com mais de 65 anos.
Tem ainda uns que tem cabelo com efeito especial: a máquina rejeita o cartão e ele fica tentando “amolar” o mesmo no cabelo para garantir a operação. Tem o gaiato que está na sua frente, pede uma licença estilo volto já e vai conferir as liquidações das lojas do shopping enquanto vc “guarda” o lugar dele. Tem o apressadinho prestativo que só falta vestir a camisa do banco: Posso lhe ajudar? : ao menor sinal de que vc não manipula bem a máquina ele já tá lá pra te orientar.Tem o envergonhado que só pede ajuda depois que fingiu por um bom tempo saber manipular a maldita máquina.
E tem eu na TPM observando com caras e bocas, as pessoas, caixas e esperas.

sábado, 19 de março de 2011

Por conta de mil atividades, há dias que não passo por aqui. Enquanto tento passear pelos blogs que sigo, Sandra ao tempo que limpa o quarto fala pelos cotovelos e em particular de suas aventuras amorosas. Ela com certeza bebeu água de chocalho como se diz e se fazia no sertão quando a criança tinha dificuldade de falar e soltava o verbo depois de beber a tal da água.As coisas eram mais simples antigamente, hj tenho que pagar uma consulta cara para a fono do meu filho. A maioria dos blogueiros é muito jovem, mas de repente poderiam consultar suas avós e me passar a receita desta tal água de chocalho.

De vez em quando capto algumas falas de Sandra. Acabou de dizer que já na paquera ela avisa logo pro cabra que é braba pro gaiato não se adiantar no serviço. Nem toda mulher é sem-vergonha e tem mulher que não pode ver um homem, vai logo se enxerindo...
Ai, ai...desculpa aí...em particular todas as camaradas que já lutaram pela emancipação feminina...
Vou ali conversar com a Sandra, ela não vai me permitir maiores delongas por aqui.
Ah! Só mais uma coisa: se alguém encontrar a fórmula da água de chocalho, traz tb a contra-fórmula, sei lá, seu antídoto...eu prometo colocar só três gotinhas no café da moça.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Liseira era algo que acometia Bismário em toda sua adolescência. Mas assim como seu nome, os acontecimentos cotidianos também não eram tão comuns assim. Naquele dia em especial gostaria de se divertir e por “sorte” encontrou “Picolé” na esquina de sua casa. O rapaz de apelido doce e gélido tinha acabado de receber a quinzena que conseguiu a duras penas de trabalho e já foi convidando gentilmente o colega para a praia.

Aventuraram-se com vontade em um tempo que o velho trem era uma alternativa de condução. Naquela condução Bismário começara a se envergonhar do comportamento autêntico do parceiro. Este passou toda a viagem alisando com uma encardida flanela, orgulho e palavras de carinho seu velho e destacado som.

Mas tudo bem. Finalmente a praia, o mar, a libertação, os transeuntes, os biquínis, um litro do velho Rum montila, paraíso na terra, ainda que sem nenhum tostão no bolso. Tudo financiado pelo amigo.

Nada mais justo que olhar as coisas enquanto o amigo se refrescava num merecido banho. Em meio ao mar, Picolé delirava ao efeito do Rum e das ondas enquanto Bismário queria mais era olhar a paisagem sem arriscar um banho frio. Mas eis que ao mirar a beleza da natureza começava a avistar próximo de seu saltitante colega algumas manchas marrons flutuando no mar que não eram algas.. Muito de repente enfrentou seu medo da água fria e correu desperadamente para salvar o pagamento da conta e as notas que se despediam molhadas do bolso do sorridente Picolé. Cada onda um desespero de que a pesca ao menos cobrisse o valor da conta.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Toda minha identidade e o meu apoio aos que lutam quando é fácil ceder:


"Sonhar
Mais um sonho impossível
Lutar
Quando é fácil ceder
Vencer o inimigo invencível
Negar quando a regra é vender
Sofrer a torutura implacável
Romper a incabível prisão
Voar num limite improvável
Tocar o inacessível chão
É minha lei, é minha questão
Virar esse mundo
Cravar esse chão
Não me importa saber
Se é terrível demais
Quantas guerras terei que vencer
Por um pouco de paz
E amanhã, se esse chão que eu beijei
For meu leito e perdão
Vou saber que valeu delirar
E morrer de paixão
E assim, seja lá como for
Vai ter fim a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão "

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Uma pomada no narizinho ferido e ele já é um palhaço, o quarto onde vai dormir um circo! Assim é Kaique..dias de imaginação..a vida real é um detalhe sem importância, as cores de um mundo que ele comanda enquanto se sente o cebolinha, o chaves e mil protagonistas.Tudo muito mais interessante que a tarefinha da escola. A neuropediatria disgnostica: Déficit de atenção! Eu queria dizer pra ela que a mãe dele também é assim... há tempos sonha com outro mundo!

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Tenho trabalhado às tardes na construção da minha tese. Entre as leituras e tentativas de escrita e as tantas vontades de fuga me ocorreu de criar uma página de anti-agradecimentos. Assim se a tese não alcançar a exigência de alguma novidade, pelo menos estarei inaugurando algo. Aqui já ensaio alguns que sei irão constar:

Anti-agradecimentos( até lá descubro se tem este hífen)
- em primeiro quero culpar a causalidade ou no popular a dura realidade que não me poupa de acontecimentos que me tiraram do eixo e da concentração;
- culpo tb a causalidade da minha orientadora que sempre passou por cima de sua boa intenção de orientar;
- a mãe do cão, vulgo preguiça,que me persegue desde a infância;
- aos companheiros do sindicato(estes estarão nas duas páginas- agradecimentos( pelo apoio) e anti-agradeci.( pelo trabalho que só a militância sabe ter), tendo em vista a fundamentação dialétia da tese;
- a algumas introduções de livro que te empolgam pra ler o livro inteiro, até vc descobrir que o início era tudo e o fim;
-a minha primeira(espero que única)batida de carro; foi especial:um minuto de distração, avanço da preferencial, acertei em cheio: as duas portas de um taxi saído há 15 dias da concessionária( portanto ainda sem seguro)...e minha conta do banco;poderia ter me causado um trauma de não mais pensar na pesquisa enquanto dirijo,principalmente pelos labirintos do Montese;
-aos que sempre fazem a pergunta que não quer calar: e a tese????
-aos convites pra sair qdo vc trai sofrendo seu fiel computador e aquela pasta querida da tese;
-não poderia deixar de mencionar a impressora que sempre falha nas horas mais apropriadas;
- a todos que tentaram impedir minha produtividade...um grande e profundo anti-agradecimento;

domingo, 9 de janeiro de 2011

Qdo aprendi a ler nas revistas em quadrinhos nunca entendia minha empatia com Madame MIM e Maga Patológica da Disney,minhas personagens prediletas. Além das bruxarias contra aquelo velho Patinhas razinza e capitalista, ainda tinham os elogios das mesmas aos dias nublados. Pra mim são os melhores dias, os mais românticos, os que parecem te dizer: não te preocupas com nada... te aconchega apenas...um dia de cada vez....são lentos, doces, o som da chuva, a leitura despretensiosa e preguiçosa na rede...recorda-me então o doce banho de chuva na infância, correr pelo bairro,recolher tanajuras, sensação de liberdade.... por isso não gostava do arco-íris, pra mim não como reza a lenda: uma aliança entre Deus e os homens,mas o fim do meu dia ideal. Estranhamente os dias de sol são mais melancólicos pra mim pq me lembram da urgência da vida, o calor e uma certa agonia, pressa e objetividade. O sol é pretensioso e ainda é protagonista das frases mais patéticas de auto-ajuda destas de obviedade duvidosa, estilo o sol nasce pra todos...não é a toa que o sol recebeu a vaia do povo mais moleque do Brasil em plena praça do Ferreira...como ousar aparecer depois de tantos dias sem chuva no nosso Ceará?

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Aprendizados

Algumas vezes me vem a força dura da desilusão. Uma rebeldia sobre as intencionalidades alheias, às favas com o outro... necessária auto-afirmação pela negação daquilo que não me pertence, não fui que fiz,não é culpa minha. Difícil isso para as mulheres que carregam o mundo e suas culpas nas costas, deformação que legitima o medo, as desigualdades e as religiões. Cada dia acredito mais nos atos, menos nas palavras...difícil e inevitável aprendizado! Não busco uma pureza, sei das contradições, mas aprendi com uma amiga que há princípios e dentre eles o inegociável!

sábado, 1 de janeiro de 2011

"Começar de novo e contar comigo...vai valer a pena ter amanhecido, ter me rebelado, ter sobrevivido..."