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sexta-feira, 30 de abril de 2010

”Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida.”
Clarice Lispector

Nunca li tradução da saudade mais precisa e forte como esta anunciada pela mulher dona de versos sempre profundos e cortantes.
Gosto da saudade. Ela rasga sentimentos nem sempre sabidos por nós. Uma doce amargura. Há quem diga que ela é acompanhada por dores físicas, outros mudam o tempo deste sentimento e juram que sentem saudades até do que ainda não viveram.
Eu sinto saudades da minha infância sem compromissos, vivida por sorte em brincadeiras de rua, das certezas da minha adolescência, a rebeldia esperada e institucionalizada. Saudades de tanta gente, da fase bebê dos meus filhos, do meu irmão Roberto (esta saudade ruim, sem possibilidade de fim).
Um cheiro, aquele chá, uma palavra e a memória se exibindo...

quarta-feira, 28 de abril de 2010

HOJE É DIA DA SOGRA

Meus parabéns hoje às mulheres mais discriminadas do mundo: AS SOGRAS.
Então,uma vida inteira de dedicação e depois dos casórios são as megeras,pivô e desculpas para separações, adereço de aniversário,antagonistas das piadas mais macabras.Já ouvi falar que a sogra de um "muito querido" senador do Ceará não fala com o genro há tempos,avaliem assim como as sogras são sábias e estão do lado do bem. Nunca entendi pq os sogros não são odiados,assim como homens feios também não são alvo de piadas. Deve ser uma transferência,afinal Freud nos lembra que a culpa é sempre da mãe.
Acho que serei uma boa sogra(paradoxo??),desde que as criaturas tratem muito bem meus filhinhos...rsrs

Colei algumas do site piadas.com.br e vejam como todas falam de morte ou denigrem a imagem desta pobre criatura de Deus. Não vale rir.

seleção de sogras
Enviado por redoxpoa em 31 Outubro, 2009 - 11:53
1) A garota chega pra mãe, reclamando do ceticismo do namorado.
- Mãe, o Mário diz que não acredita em inferno.
- Case-se com ele, minha filha, e deixe o resto comigo!
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2) O homem leva um susto ao ouvir de sua cartomante:
- Em breve sua sogra morrerá de forma violenta.
Imediatamente ele pergunta à vidente:
- Violentamente? E eu? Serei absolvido?
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3) Um homem encontra seu amigo na rua e lhe diz:
- Cara, você é igualzinho a minha sogra, a única diferença é o bigode!
O amigo fala:
- Mas eu não tenho bigode!
- É, mas a minha sogra tem.
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4) Um cara foi à delegacia e disse:
- Eu vim dar queixa, pois a minha sogra sumiu.
O delegado pergunta:
- Há quanto tempo ela sumiu?
- Duas semanas - respondeu o genro.
- E só agora é que você vem dar queixa?
- É que custei a acreditar que eu tivesse tanta sorte!
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5) A sogra do cara morreu. Um amigo perguntou:
- O que fazemos? Enterramos ou cremamos?
- As duas coisas. Não podemos facilitar!
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6) O cara voltava do enterro de sua sogra quando, ao passar por um prédio em obras, um tijolo caiu lá de cima e quase acertou a cabeça dele... O homem olhou pro céu e gritou:
- Já chegou aí, sua desgraçada!!! Felizmente ainda continua com má pontaria!
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7) - Querido, onde está aquele livro: 'Como viver 100 anos? '
- Joguei fora!
- Jogou fora? Por quê?
- É que a sua mãe vem nos visitar amanhã e eu não quero que ela leia essas coisas!
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8) Na sala de espera de um grande Hospital, o médico chega para um cara muito nervoso e diz:
- Tenho uma péssima noticia para lhe dar... A cirurgia que fizemos em sua mãe...
- Ah!, ela não é a minha mãe... É a minha sogra, doutor!
- Nesse caso, então, tenho uma boa noticia para lhe dar!
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9) O cara chega pro amigo e fala:
- Minha sogra morreu e agora fiquei em dúvida. Não sei se vou trabalhar ou se vou pro enterro dela... O que é que você acha?
E o amigo:
- Primeiro o trabalho, depois a diversão!!!
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10) O sujeito bate à porta de uma casa e assim que um homem abre ele diz:
- O senhor poderia contribuir com o Lar dos Idosos?
- É claro! Espere um pouco que eu vou buscar a minha sogra!
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11) Qual a punição por bigamia?
Duas sogras
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12) A mulher comenta com o marido:
- Querido, hoje o relógio caiu da parede da sala e por pouco não bateu na cabeça da mamãe...
- Maldito relógio! Sempre atrasado.□

terça-feira, 27 de abril de 2010

O corpo todo padece, a mente em delírio no deserto da espera... o momento é todo sofrimento, as idéias equivocadas prevendo o melhor ou o pior, nunca o mais provável... o cenário pode ser o telefone, um consultório, a carta, o nome esquecido do seu mais novo amigo de infância na sua frente, o presente que ainda não veio, o email ainda não aberto, o resultado de um exame, o boletim a ser entregue, a fofoca prometida(depois te conto...), o encontro em atraso, os dias contados...
Vi em alguma receita de auto-ajuda que se a insanidade evoluiu, mas ainda não causou uma gastrite, vc pode comer chocolate e banana que contém um aminoácido precursor da seretonina (com cuidado para a balança não ser o próximo cenário do pânico).
Reza ainda a lenda da auto-ajuda que situações de estresse devem ser evitadas. Como assim? A ansiedade é um estado de espírito, quase um estilo de vida (masoquista confesso, mas muito sincero).

domingo, 25 de abril de 2010

Sobre o entardecer.

Idalina lava com fervor os pés de seu pai com um sabugo. O velho já cansado, mas ainda reivindicando maiores carinhos com aqueles que garantiram suas tantas andanças pelo mundo, reclama: “Idalina, isso é pé de gente!!!” Sem se fazer de rogada com o aperreio no asseio, Idalina “filosofa” com o vizinho que se aproxima:” é isso mesmo, tanta mãe de família morre... e meu pai nesta idade..."
Esta é uma das muitas estórias que escuto do meu velho pai que em maio completará 80 anos. Gosto de ouvi-lo e acho que ele gosta de ter uma ouvinte. As lembranças são as principais companheiras desta idade. Fico pensando que o dilema central nesta idade é a solidão, principalmente numa sociabilidade onde envelhecer e escutar são coisas absoletas e, portanto, em desuso. Assusta-me a vulnerabilidade da velhice, principalmente quando ser jovem é tudo que importa na síntese da sabedoria ocidental.
Espero ter oportunidade de escutar muito de suas lembranças, saber identificar o que é real ou fruto de sua fértil imaginação e amenizar um pouco de sua solidão,enquanto aprendo com a experiência de suas ricas objetivações e reflexões. A solidão de quem parece não ter nada mais a protagonizar neste emaranhado de vida útil, burocrática e urgente que não atenta para a beleza da experiência alheia.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Então há dias cinzas. Nem tristes, nem felizes, apenas monocromáticos... tudo estabilizado, sem sustos ou surpresas. Agenda cumprida, deveres feitos, amores possíveis, olhos e braços acostumados. O cursor a espera da próxima linha, a inspiração em falta...

segunda-feira, 19 de abril de 2010

“Eu sou o passageiro...”
Passei uma parte significativa da minha vida dentro de ônibus. Entre idas e vindas à longínqua periferia de Fortaleza (sua parte não bela), sempre ficava divagando e imaginado mil coisas, por isso tenho dificuldades até hoje de identificar os caminhos, típica pessoa desorientada geograficamente. Faço sempre a alegria de taxistas e seus taxímetros ou de machistas que criticam minha direção; já me perguntaram se tirei minha carteira em Caucaia. rsrs..sou feminista(e as estatísticas do trânsito estão a meu favor),mas na ocasião juro que só pensei na discriminação da Caucaia e boba, só conseguia rir...
Mas, nos trajetos quilométricos de “enlatados lotados”, minha imaginação era sempre interrompida por aqueles personagens,figuras dormindo com um livro aberto na intenção de ler naquela "carroça"... trabalhadores iniciando a jornada,muitas conversas,piadas machistas e homofóbicas, o corno(o outro, obviamente ) como protagonista fundamental e recorrente...o ônibus faz uma parada e atenção em uma mulher, o material avaliado por diferentes gerações. O mais jovem diz que a figura não é tão bela diante do seu nível de exigência, o mais velho discorda com a sabedoria da idade: “é porque vc não chegou ainda na idade do carcará”. Assim, os pós-modernos estão certos ao menos em alguma ocasião, quando dizem que tudo é uma questão de olhar... rsrs
Os mendicantes sempre foram personagens especiais, principalmente os que jogavam praga aos que não cediam aos apelos; as pragas mais simples sugeriam o ônibus virado. Minha irmã desgraçadamente perdeu um daqueles papéis que os “mirins”(na época,chamávamos assim,pois infelizmente ainda não tinham aparecido os termos politicamente corretos) costumavam entregar aos passageiros. Ele foi ameaçando cortá-la de gillete até o centro da cidade. Por sorte,ao levantar-se, viu o papel e sua vida recuperados.
Tinham os apelos mais humanos e os mais criativos. Aquela mesma senhora com diferentes tragédias a nos comover. aquela que vindo do interior mal conhecia a cidade,mas acabara de se tratar no hospital da Messejana. Aquele com as receitas médicas de alguns anos atrás.... enfim...estratégias de sobrevivência que só quem vive na miséria consegue criar.Recentemente ouvi um menino com um discurso todo bem decorado com um apelo deveras antenado na venda dos bombons: “ acesse o site: WWW. Taque a mão no bolso...”
O desrespeito a estes trajetos e personagens e suas boas estórias no desconforto do GOL (grande ônibus lotado) é diretamente proporcional aos bons e vultosos lucros das empresas de transportes de gente.. A pergunta que não quer calar: Pq seres humanos tem menos importância que as coisas?

domingo, 18 de abril de 2010

Por este dia, saudades de Drumond:

Os Ombros Suportam o Mundo (Drummond)

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Mais do que comentarista excelente....

Por sugestão de minha sobrinha, de repente tenho um blog. “Coisa de adolescente” disse minha amiga. É, mas não tenho culpa se não alcanço minha idade cronológica, a adiantada tá sempre a frente do meu tempo, da minha “juventude”. Gosto de algumas coisas nela, mas em outras me sinto representada na música “não vou me adaptar”...
O fato é que hoje gosto de ter este blog, principalmente por encontrar boas surpresas juvenis. Meninos e meninas bem criativos, inteligentes e espirituosos, blogs que já me tornei seguidora por perceber sinceridade e talento em seus escritos. Espero que a vida nunca os faça perder a “sustentável” leveza do ser. E que as letras os levem principalmente para além de si mesmos, com capacidade de ler o mundo e seus dilemas.
Aproveito aqui pra agradecer a citação de Hilário Ferreira em seu blog: vida parte dois. Em suas densas e tensas letras, o misto de maturidade e juventude, do paradoxo entre pessoa centrada e (in)sana... Que alegria saber de você por via da beleza de sua prosa. Que a vida lhe forneça constantes e intensas inspirações e que vc continue com a capacidade de reconhecê-las e de torná-las poesia.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

“Tô Maísa: meu mundo caiu....”


Vi essa frase em algum lugar e foi nela que pensei ao acompanhar o jornal ontem . Pôxa, que más notícias, que seleção de notícias! Gosto de estar atualizada, é minha obrigação. Mas, será que a única notícia "boa" que faz os âncoras puxarem um sorrisinho de lado é a coisa chata do futebol? Não tem nada de melhor acontecendo no mundo? Cadê as resistências e a indignação? pra estas, visibilidade alguma.
Um psicopata é liberado da cadeia por bom comportamento, um cara que nega a existência histórica do holocausto ganha uma camisa da seleção brasileira, o diário da corrupção que já nos acostumamos, gente morando em esgotos vitimizados pelos desastres da gestão urbana, a igreja católica que não larga o celibato mesmo com os escândalos de pedofilia ( por falar nisso vc sabe qual a primeira coisa que o padre pedófilo perguntou qdo chegou ao céu? “cadê o menino Jesus????.”.rsrs ..essa já tá velha né... e a pedofilia também).Acho que só mesmo rindo de tanta desgraça pra degustar tantos dissabores.
Sei não viu...mas depois de ferir ouvidos e olhos fecho a TV e tenho os abraços apertados e desinteressados de kaique. Neste afago, a esperança que dias melhores virão.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Vc sabe da última?

Mesmo um tanto constrangida já visitei sites de fofocas. Vergonhoso não, mas confesso. Sei que há um sociólogo que explica que existe uma função social da fofoca, qual seja o de controle moral do comportamento das pessoas.
Se é esta é a função, acho que as páginas de sites e revistas especializadas não nos proporcionam tal prazer sádico,pelo contrário,só nos frustram. Qualquer mergulho raso é um flash na vida das celebridades da última hora. Fulana se vestiu bem, Sicrano se veste mal, Beltrana exibiu seu corpão (esta mesma frase na mesma praia com o mesmo paparazzo e o mesmo silicone em várias revistas; quanto esforço dos pobres redatores e suas mentes em momentos plenos de ebulição criativa). Afinal faz uma diferença crucial em sua vida saber sobre a última separação do melhor último casamento prejudicado pela agenda dos ilustres cônjuges; da última boca mordida pela abelha do botox; do rodízio entre empresários,modelos,atores e atrizes. Sem estas informações essenciais sua vida seria um tédio e perderia todo o sentido.
Confesso não sem horror, que gostaria de emoções mais fortes, os barracos dos bastidores, mais humanidades, saber de conteúdos e contradições da vida alheia. Sei lá, exercer com mais gosto e intensidade a tal da “inveja social” (mais invenção de sociólogo). Será que nesta seara não existem dilemas reais e menos imbecilizados?Acho que o velhor humor politicamente incorreto poderia se superar, evoluindo e substituindo as piadas contra pobres,negros,gays e mulheres e usar o ridículo no glamour destes flashs como rica matéria-prima para boas gargalhadas.
O pior é isso ter audiência e vendas.A receita disso dá certo como mercado poderia muito bem ser explicada pela letra de Renato: Pegue duas medidas de estupidez
Junte trinta e quatro partes de mentira
Coloque tudo numa forma
Untada previamente
Com promessas não cumpridas
Adicione a seguir o ódio e a inveja
Dez colheres cheias de burrice
Mexa tudo e misture bem
E não se esqueça antes de levar ao forno temperar
Com essência de espirito de porco
Duas xícaras de indiferença
e um tablete e meio de preguiça....
Ah! Hoje não dá...

sábado, 10 de abril de 2010

Aos blogs que sigo
Interessante e estranho ir conhecendo as pessoas pelas suas letras. Na condição de leitora eu vou tentando “formatar” o jeito de ser da pessoa pelo conteúdo e forma como escreve. Reconhecer o dito e o não dito (as famosas entrelinhas), sentir seu estado de espírito, extrair suas humanidades, seu envolvimento ou distância com a temática recorrente ou surpreendente, de repente é um personagem, fruto de uma fértil imaginação. De tudo, a certeza das falhas nas minhas interpretações, livres e por vezes absurdas ou ousadas, mas meras especulações. Na autonomia do escrito, pouco importa meu olhar.
Não tento psicologizar minha leitura, não tenho cacife pra tanto. Mas, em meus limites, gosto de imaginar identidades, captar sentimentos, motivações. Em tempos da “eterna falta do que falar”, tenho me surpreendido com boas dosagens de fruição estética na beleza entre formas e conteúdos. Angústias, alegrias, banalidades refletidas e exposições, sensibilidades atípicas saltam das letras e da minha percepção, nem sempre compatíveis, mas inseparáveis no cenário das palavras.

sexta-feira, 9 de abril de 2010


Duas fotos 3x4

Erlenia Sobral





Fim de férias, preparativos para o início das aulas. Dentre os preparativos, o velho registro de identificação a foto 3x 4. É quase de praxe a gente sair muito feio, meio assustado e desconfiado com o que irão fazer com a nossa cara imagem. Difícil é alguém sair satisfeito com o resultado, pois estranhamente ela nunca retrata o nosso melhor ângulo e sempre parece patético você de frente para uma câmera num exercício oficial do mais puro e forçado narcisismo. Confesso entretanto, que na minha época de movimento estudantil em que as entidades estudantis confeccionavam as carteiras,as fotos e suas diversidades de expressões eram um prazer em particular.
Achei muito interessante as últimas duas fotos de Kaynan e Kaique. Minha dupla favorita retrata nestes registros não só suas belas caras para o encanto da mãe coruja. Mas, trazem nas imagens um pouco de suas idades. Kaynan, a seriedade de quem ta saindo da infância aos seus 13 anos e a superioridade de quem de tudo já sabe, ainda que o feitio de seus olhos indique uma pessoa de olhar bondoso e humilde. Kaique, a cara jocosa de um superego em falta, o popular sem noção, que ainda não identifica a seriedade de uma 3x4. Em seu sorriso travesso, a revelação de sua condição de traquina e despreocupação com a crise internacional que no presente nos abate e com o destino de sua imagem.
Nestes dois caras das fotos me encontro entre o peso da responsabilidade de ser mãe, de educá-los e o divertimento e a leveza de descobri-los em suas humanidades. Tou no apoio e na torcida que eles se reconheçam na vida. Que enfrentem a vida assim, como no 3x4, de frente, com cara lavada e que principalmente consigam a proeza de uma identidade com inteligência moral e emocional, misto da tranqüilidade de kaynan com a vivacidade de kaique.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Quem dera a objetivação da liberdade a partir das letras, a materialização cotidiana de minhas realizações a partir do verbo...aqui tudo é mais reto e simples assim...
Na vida real tem as palavras do outro, seus anseios em mim, a inércia diante de uma porta fechada ainda que a chave em minhas mãos.
Resta-me o imaginário, mar revolto onde fervilha meu sonho de liberdade.

domingo, 4 de abril de 2010

DOMINGO

Erlenia Sobral

Domingo deveria ser eleito o dia oficial do tédio. Sem uma definição precisa, tem posição pelega e está em cima do muro entre o melhor dia da semana (o sábado) e o pior (a segunda), portanto ele dificilmente vai te proporcionar emoções grandiosas. A programação da tv encaixa como uma luva e Silvio Santos e Faustão não encontrariam dia melhor pra nos encher a paciência e esvaziar o cérebro.

Os casados provavelmente vão receber visitas (não necessariamente convidados) de parentes que estarão fugindo dos domingos de suas casas. Os solteiros ou estarão com aquele gosto terrível de cabo de guarda-chuva na boca ou numa crise existencial qualquer agravada pela falta de sentido deste dia.

Os mais otimistas depois que descobriram O Segredo resignificaram o domingo, achando formas alternativas de aproveitá-lo, mas nada que convença o resto da humanidade desta possibilidade, inclusive porque boa parte tá mais interessada em não ver o domingo, aproveitando para tirar o sono do atraso resultante da efervescência dos outros dias. Conforta um pouco saber que boa parte da população tá com o mesmo sentimento e assim este não é um sentimento tão solitário.

Talvez este horror ao domingo esteja um pouco determinado porque ele cria uma situação não tão confortável: pensar o sentido da nossa existência, quase sempre sem sentido, inclusive nos outros dias da semana. Só que nestes outros vc nem tem tempo de pensar.

Provavelmente este sentimento sobre o domingo passe por uma questão de classe, embora duvide da diferença entre Faustão na TV (classe trabalhadora) e ida ao shopping (classe média). Dos ricos nem sei como organizam o domingo,mas devem ser felizes ao se encontrarem no ethos criativo da futilidade e vazio das vinte salas de sua mansão ou no telão do toalete.

A mudança radical da sociedade provavelmente não acontecerá no domingo, pois os companheiros estarão provavelmente em suas ou não propriedades individuais, guardados pelo medo, acomodação e o horror da obrigação da segunda. Quem sabe estes mesmos companheiros descubram na luta o poder de mudar o sentido do domingo,eliminando sua condição de véspera da segunda e universalizando o que ele tem de melhor: os questionamentos sobre os sentidos das nossas existências.Assim,a composição do titãs( domingo eu quero ver domingo passar....) deixará de ser tão contemporânea e encontraremos a superação desta árdua separação entre trabalho,descanso.lazer e criação.