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Recife-PE




Erlenia Sobral



Volto em breve pra Fortaleza. Ainda que minha tese não esteja pronta, volto satisfeita com a experiência desta cidade incrível, megalomaníaca, densa e tensa na convivência de opostos gigantescos: as favelas coladas ao maior shopping da América Latina, os engarrafamentos e a loucura do trânsito mais apressado do Brasil na maior avenida da América latina; o carnaval intensamente colorido e compartilhado no Recife Antigo por diferentes classes sociais e por seus bonecos imensos; praias deliciosas onde vc pode ser o prato principal dos tubarões, além de teatros que a população frequenta.

Eu não tinha a menor noção, pensei que só me sentiria provinciana no Sul. Mas, recife tem muito de uma grande metrópole: efervescência cultural, engarrafamentos quilométricos, ginástica e fumaças felizes nas praças, vizinhos desconfiados que mal se olham; violência nas esquinas, nos gritos e silêncios das casas, torcidas enlouquecidas pelo sport. Tudo isso convivendo com um respeito sagrado às tradições nordestinas do arrumadinho, os blocos de carnaval nos bairros, o são João com fogueiras e bandeiras ainda presentes nas ruas da periferia, muito forró e fogos e o uso do pretérito imperfeito do subjuntivo em todo final de frase, visse... andasse, corresse,amasse...

Os moradores da Veneza brasileira chamam menino na adolescência de boyzinho, a menina boyzinha, baião-de-dois é só um tempero, pirangueiro é o cara exageradamente econômico, gay é frango, menino traquina é treloso, tabacudo é o abestalhado. Segundo o dicionário pernambuquês ser pernambucano é considerar Reginaldo Rossi o rei e também ter orgulho de dizer que o sonho de todo cearense é ser pernambucano... Enfim,eles não se acham,tem certeza..rsrs.. Despeito a parte, admiro a auto-estima deste povo lutador e forte como todo nordestino.Só lhes falta mesmo a leveza,solidariedade, inteligência e principalmente, a modéstia do cearense...