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Sérgia






Sérgia foi uma figura incrível que me socorreu por um lapso de tempo muito curto em meus dias de dupla jornada dividida entre ser mãe e trabalhar fora. Sua postura “prática” diante das missões que a vida injusta lhe reservou sempre me traz de volta a lembrança daqueles curtos dias.

Sérgia era jovem, alta e muito magrinha, não por conta da imposição da moda, mas tudo indicava que a ditadura da magreza nela parecia ser comandada pela fome. E que fome... Na época eu morava com minha sogra.Esta sempre cozinhava logo pra almoço e janta.Entretanto nos tempos de Sérgio tivemos o privilégio de uma comida quentinha a noite,pois Sergia não permitia o famoso SA(sobra do almoço) entardecer nas panelas.

Fumante inveterada, Sérgia não se ocupava em ir comprar cigarros. Logo de início enviou minha cunhada pra fazer isto por ela; Rosinha até foi no início, mas no quarto pedido rejeitou.Sérgia não se fez de rogada,olhou pra aquele menino do lado e perguntou: e esse menino aí,não pode ir não? O menino era Kaynan, então com quatro anos que no caso, estava a seus cuidados.

No segundo dia Sérgia já aproveitava o Kaynan no andar de cima pra ficar embaixo. Aperreada com minhas tarefas de professora, chamei Sérgia pra ficar brincando com Kaynan.Ela disse que não poderia,pois estava muito ocupada.Sem poder fumar em casa,,Sergia arranjou outra ocupação.No caso, a ocupação era uma rede armada na sala,um som ligado e muitas laranjas descascadas pra Sérgia se abastecer e abrir o apetite para o almoço.Um almoço,que diga-se de passagem, ela desaprovava.Era dona Francisca colocando a comida em seu prato pela segunda vez e Sérgia dizendo: eita comida ruim,ponha mais um caldinho pra ver se desce...

Sérgia de pronto se afeiçoou a Rosinha e a queria sempre por perto. Descendo a escada, vi Sérgia quase derrubando a porta do quarto de Rosinha preocupada com a mesma: eita menina pra dormir... e é gorda. Rosinha estava então no quinto mês de gestação.

No quarto dia tive que me despedir da ilária figura, pois o que estava em jogo era a vida do meu filho e a feira do mês. Expliquei que não poderia manter alguém naquele momento.Sérgia triste analisou: é sempre assim,quando tá dando certo...









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